Viagem para a Índia: planejamento e principais cidades
Guia para planejar sua viagem para Índia: o que fazer, quando ir, quanto tempo ficar, como é viajar sozinha por lá, como é a comida e outras dicas.
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Pensando em fazer uma viagem para a Índia? Prepare-se: é provável que seja uma das experiências mais marcantes da sua vida. Eu passei quase dois meses viajando de forma independente por lá e morro de vontade de voltar. Se você, assim como eu, acredita que o imprevisível torna as viagens mais bonitas e gosta de repensar suas visões de mundo, certamente também vai se apaixonar.
Mas como é, de fato, fazer uma viagem para a Índia? A verdade é que pode ser muitas coisas. Ainda que muita gente associe o país apenas a pontos turísticos mais conhecidos, como o Taj Mahal, ou a estereótipos como vacas nas ruas e sujeira, a Índia é muito mais que isso. Ela abriga desde praias a montanhas nevadas, e de grandes cidades lotadas de gente a pequenas vilas pacatas. São muitas paisagens, culturas e experiências diferentes.
E assim como em boa parte do mundo, é possível viajar por lá com pouca grana e vivendo o dia a dia local de forma mais intensa, ou de forma luxuosa, com tudo organizado por uma agência e ficando em hospedagens com padrão mais ocidental. Ou de várias outras formas entre um extremo e outro, é claro.
Eu fui sozinha para a Índia e não contratei agências ou guias, mas na maior parte do tempo estive acompanhada de um amigo indiano que conheci alguns anos antes em Budapeste, na Hungria, durante um voluntariado pela Worldpackers. Não tinha um orçamento alto, mas viajei com relativo conforto. E apesar de ter um itinerário mais ou menos definido, fui adaptando os planos durante o percurso.
Neste artigo, vou compartilhar o que aprendi vivenciando esse país incrível no começo de 2020. Minha passagem por lá foi abreviada por conta da pandemia; infelizmente precisei regressar ao Brasil mais cedo do que planejava, mas tenho certeza de que voltarei. A Índia é um dos destinos mais incríveis da minha vida e espero que seja da sua também!
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Planejando sua viagem para a Índia
Quando ir?
A melhor época para sua viagem para a Índia depende das regiões que você quiser visitar, mas em geral, vale a pena ir entre outubro e março. Esse é o período do inverno indiano, quando as temperaturas ficam agradáveis na maioria das regiões mais turísticas do país. Se você for para Nova Delhi ou mais para o norte, especialmente perto dos Himalaias, pode pegar temperaturas bem baixas, mas em lugares mais ao sul, não.
Fevereiro, março, outubro e novembro são os melhores meses para a maioria dos lugares. Mas acima de tudo, é recomendável evitar o período entre junho e agosto. Nessa época, além de fazer muito calor em regiões como o Rajastão, acontece o fenômeno chamado de monções. São chuvas torrenciais que deixam muitos lugares inundados ou no mínimo mais caóticos que o normal.
Minha viagem para a Índia foi entre o final de janeiro e meados de março e achei ótimo.
Precisa de visto?
Portadores de passaporte brasileiro que forem viajar para a Índia por um curto período podem solicitar o visto pela internet, sem precisar ir a uma embaixada ou consulado. É o chamado e-Visa, que vale para viagens a turismo e por razões médicas, trabalho voluntário de curta duração, conferências e seminários, cursos de curta duração, negócios, entre outros motivos.
Para obter o seu, basta acessar o site Indian Visa Online e preencher o formulário de solicitação de visto (fornecendo os documentos solicitados, como seu passaporte digitalizado) e pagar uma taxa.
Atualmente, é possível solicitar um visto com duração de 30 dias ou de 1 ano. O valor varia de acordo com a época do ano e a duração. Geralmente eles dão a resposta em até 72 horas. Para mais informações, confira o site oficial.
Além do visto, também é obrigatório ter o Certificado Internacional de Vacinação contra a febre amarela para entrar no país.
Quanto tempo ficar?
Quanto mais tempo, melhor! Dá para ficar meses viajando pela Índia e não ver tudo que o país tem a oferecer. Eu gostaria de ter ficado mais uns dois meses para visitar os principais destinos da minha listinha de desejos, mas ainda haveria muitos lugares legais para explorar. Também tem muita gente que vai para lá fazer cursos de yoga ou retiros espirituais, por exemplo, e dedica semanas ou meses a essas atividades.
Mas caso você não tenha muito tempo, minha recomendação seria ficar no mínimo do mínimo uma semana. Especialmente se você estiver saindo do Brasil, o que vai significar voos longos e uma grande mudança de fuso horário, é muito cansativo fazer uma viagem para a Índia que dure menos que isso.
Para quem pode ficar um pouco mais e quer conhecer os pontos mais famosos, seria bom passar pelo menos duas semanas. Vale lembrar que o país é grande e se você for visitar muitos lugares vai passar bastante tempo nos deslocamentos. Além disso, a maior parte dos viajantes independentes precisa de um tempinho para se habituar às diferenças culturais. A Índia é intensa, então recomendo ir com calma.
Leia mais:
- Como planejar uma viagem: 7 dicas para tirar o seu sonho do papel
- Como montar um roteiro de viagem perfeito e viajar sem estresse
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Gastronomia indiana
Você deve saber que a culinária indiana costuma ser bem condimentada. Eles capricham mesmo nos temperos e especiarias. A maioria dos pratos típicos não é muito amigável para quem tiver um paladar muito seletivo ou o estômago super sensível. Mas na minha opinião, são deliciosos!
Se você não tiver tolerância alta à pimenta, tente sempre pedir uma versão não apimentada dos pratos. Provavelmente virá apimentada mesmo assim, só que menos que o normal, hehe. Para equilibrar, você pode pedir um lassi (um tipo de iogurte), que dá uma cortada no ardor.
Recomendo se abrir aos novos sabores e ter paciência, porque é comum que a barriga estranhe no início, mas com o tempo o corpo tende a se acostumar. Se tiver muita dificuldade para se adaptar, pode buscar restaurantes ou pratos mais ocidentalizados, tipo sanduíches, massas e pizzas.
Para os vegetarianos, o país é um paraíso, já que muitos indianos não comem carne por questões religiosas. Há muitos pratos com base de grão de bico, lentilha e queijo (especialmente o chamado paneer), mas em boa parte do país também é fácil achar carne de frango e cordeiro. Carnes bovina e de porco são mais raras, por razões culturais e religiosas.
Como é viajar sozinha pela Índia
Fazer uma viagem para a Índia sozinha, sem agências ou guias, não é tão simples quanto ir para a Europa, os Estados Unidos ou países da América Latina, por exemplo. Mas não é tão difícil ou assustador quanto algumas pessoas fazem parecer.
Apesar de estar acompanhada do meu amigo indiano na maior parte da viagem, fiz questão de passar algumas semanas sozinha e não passei perrengues, e conheci várias mulheres viajando sozinhas por lá também – muitas delas brasileiras.
De fato, a sociedade indiana é machista (a nossa também, né?) e existe mais assédio lá que em outras partes do mundo, então é preciso ficar atenta para evitar situações chatas. Por outro lado, praticamente não se encontra na Índia a violência urbana que temos no Brasil.
No meu ponto de vista, a principal dica para se manter segura viajando sozinha pela Índia ou em outros lugares é entender que alguns hábitos e costumes são diferentes dos nossos. E não faz sentido uma estrangeira querer impor seu jeito num lugar que está visitando, né?
Respeite a cultura local e adapte sua forma de se vestir, por exemplo. É bom usar sempre que possível roupas mais frouxas, que cubram o colo e ombros e fiquem abaixo do joelho. Eu usei saias longas, macacões, pantacourts e pantalonas levinhas. A boa notícia é que você vai achar muitas roupas bonitas e baratas para comprar por lá.
Também recomendo pesquisar bastante sobre outras questões culturais e sobre golpes que costumam ser aplicados em turistas. Quanto mais preparada você estiver, menos surpresas ruins vai ter.
Outra dica é viajar devagar, se possível, porque assim é mais fácil você se adaptar à cultura local e entender como funcionam as coisas em cada nova cidade.
Por fim, vale evitar chegar em cidades novas à noite, optar pelas classes mais altas se for viajar de trem sozinha, comprar um chip de internet local e evitar ficar na rua durante eventos que atraem multidões, como grandes festivais.
Voluntariado na Índia
E agora uma dica bônus para quem busca viver uma experiência ainda mais imersiva durante a viagem para a Índia, e que também pode ser uma ótima solução para viajantes preocupados com a segurança: fazer um voluntariado, ou troca de trabalho por hospedagem.
Sabe a Worldpackers, plataforma através da qual eu conheci meu amigo indiano, lá na Hungria? O site conecta anfitriões e viajantes do mundo todo, promovendo experiências de viagem colaborativas.
Em troca de algumas horas de trabalho por semana, seja colocando em prática habilidades que você já tem ou desenvolvendo novos talentos, você recebe acomodação gratuita e possivelmente outros benefícios, como refeições e passeios.
Dá para conferir as vagas gratuitamente no site, e se você fizer seu cadastro pode salvar as suas preferidas. Pagando uma pequena taxa anual você consegue se inscrever nas oportunidades de voluntariado na Índia e em dezenas de outros países mundo afora, além de ter direito ao Seguro Worldpackers, que oferece um auxílio caso algo não saia como o combinado.
Além de ser uma vivência incrível, o voluntariado Worldpackers é uma forma de ter uma base no destino, conhecendo moradores e outros viajantes que podem se tornar seus amigos e compartilhar dicas úteis sobre o lugar. É um jeito bem legal de se adaptar à cultura local, encontrar companhias para viajar e ainda economizar bastante.
Curtiu a ideia? Veja as vagas de voluntariado na Índia e leia nossos artigos sobre como funciona a Worldpackers. Confira também estes depoimentos de viajantes:
- A marcante experiência de fazer um voluntariado na Índia
- Por que você deve voluntariar na Índia pelo menos uma vez na vida?
Roteiro de viagem pela Índia
Agora vamos para a melhor parte: o que conhecer durante uma viagem para a Índia? Como eu disse, existe uma diversidade enorme de destinos com atrativos muito legais, mas confesso que minha parte preferida em qualquer lugar era simplesmente observar as pessoas no seu dia a dia. Achava cada detalhe fascinante!
O ideal é você pesquisar um pouco sobre cada destino e montar o roteiro pensando nas suas preferências, no tempo que tem para viajar pela Índia e no deslocamento entre destinos.
Vale ressaltar que nem todas as cidades turísticas são bem “comunicadas” entre si: às vezes dois lugares são até próximos, mas não tem ônibus ou trem entre eles, por exemplo. Então é bom pesquisar como ir de um canto a outro, usando sites como o Rome2Rio.
A seguir, vou falar um pouquinho sobre alguns dos destinos mais populares para uma viagem para a Índia:
Rajastão: Udaipur, Jodhpur, Jaisalmer, Pushkar e Jaipur
Udaipur, Jodhpur, Jaisalmer, Pushkar e Jaipur são cidades turísticas localizadas no mesmo estado, o Rajastão, que reúne muitos dos clichês que nos vêm à mente quando pensamos na Índia. Vacas na rua, calor, elefantes, camelos, marajás, mulheres com saris suuuuper coloridos…
Cada cidade tem suas características únicas: Udaipur é mais romântica, Jodhpur me pareceu mais “autêntica”, Jaisalmer é uma das portas de entrada para o deserto do Thar e Pushkar é muito marcada pelo seu lago sagrado, além de abrigar o único templo do mundo dedicado ao deus Brahma, que segundo o hinduísmo foi o criador de tudo.
Jaipur é a capital do Rajastão, e junto com Agra e Nova Delhi compõe o chamado “triângulo dourado”, roteiro turístico mais comum no país. Foi a que menos curti dentre as cidades que visitei no Rajastão, por ser maior que as outras e menos “charmosinha”, mas vale a visita.
Agra: Taj Mahal
Confesso que até pensei que talvez o Taj Mahal não fosse tudo isso, mas de fato é um dos monumentos mais incríveis que já vi. Vale a pena ir até Agra para conhecê-lo, e também visitar outras atrações como o Forte de Agra, o Baby Taj e o Túmulo de Akbar. No entanto, não espere grandes coisas da cidade em si.
Nova Delhi: a surpreendente capital
A capital indiana é bem grande e tem bairros muito caóticos, como você provavelmente imagina ao pensar na Índia, mas também outros bem tranquilos e agradáveis. A cidade abriga a maior mesquita da Índia, Jama Masjid, e as ruas bagunçadíssimas de Old Delhi são muito interessantes.
Em Delhi, você também pode conhecer o minarete de tijolos mais alto do mundo (Qutb Minar), visitar o Lotus Temple (templo da religião Bahá’i) e comer em bons restaurantes, desde os tipicamente indianos aos mais ocidentalizados.
Veja as oportunidades de intercâmbio voluntário em New Delhi.
Mumbai: populosa e cosmopolita
Capital do estado de Maharashtra, Mumbai é o principal polo financeiro e cultural do país e fica às margens do oceano Índico. Ela é a segunda maior cidade do país, atrás apenas de Delhi, e sedia a indústria de cinema de Bollywood.
Não é uma cidade muito turística, mas se você tiver tempo, vale a visita. Achei mais cosmopolita que Delhi, e me chamou atenção a grande mistura de religiões.
Confira as vagas de voluntariado em Mumbai.
Rishikesh: paraíso dos yogis
Conhecida como “Capital Mundial da Yoga”, Rishikesh me pareceu uma das cidades mais tranquilas para quem quer fazer uma viagem para a Índia, mas não sente tanta segurança de enfrentar destinos mais caóticos por lá.
Ela ficou mais famosa internacionalmente depois que os Beatles passaram um tempo por lá, e é bem turística, mas ainda preserva uma autenticidade. Nessa altura, o sagrado Rio Ganges ainda é limpo, e bem bonito. Passei dias muito gostosos por lá.
McLeodGanj: montanhas e budismo
McLeod Ganj é um subúrbio de Dharamshala, cidade no norte da Índia onde o líder político e espiritual tibetano Dalai Lama se exilou depois que a China não reconheceu a independência do seu território. Além dele, vários monges budistas moram por lá.
A cidadezinha abriga lindos templos, centros onde é possível aprender mais sobre o budismo, restaurantes com comida tibetana, trilhas e outros atrativos. Tudo isso com as montanhas do Himalaia emoldurando o cenário.
Varanasi: caos e religiosidade
Varanasi é a cidade mais sagrada para o hinduísmo, a religião mais popular da Índia. O Rio Ganges também passa por lá e muitos hindus se banham em suas águas para se purificar, e também fazem cremação de corpos às margens do rio.
A principal “atração” de Varanasi é justamente observar as cerimônias religiosas ao nascer e pôr do sol. Não cheguei a ir lá, mas sempre me falam que é uma cidade fascinante, mas também super intensa. É bom evitar ir direto para lá no começo da viagem, quando você ainda não estiver tão acostumado com a Índia.
Amritsar: conheça o Sikhismo
Não pude ir até Amritsar porque tive que voltar mais cedo ao Brasil, mas quero muito conhecer essa cidade no Punjab, no norte da Índia. Lá vive a maioria dos adeptos do Sikhismo, e o grande destaque da cidade é o Golden Temple, imenso templo dourado dessa religião.
Que tal fazer um voluntariado em Amritsar e conhecer melhor a região?
Goa: influência portuguesa
Esse estado no Sul da Índia preserva influências da colonização portuguesa e é conhecido pelas praias, festas e por ser mais “ocidentalizado”. Não cheguei a ir lá e não sei se as praias são muito bonitas para os padrões brasileiros, mas é um lado da Índia mais diferente do que a maioria imagina.
Kerala: maior IDH do país
Um destino que com certeza vou incluir na minha próxima viagem para a Índia é o estado de Kerala. Ele também fica no sul e é conhecido por ter o maior IDH do país.
Cidades como Kochi, Trivandrum e Varkala parecem muito legais e em Alleppey você encontra os chamados “backwaters”, um complexo de rios, lagos e canais por onde é possível passear de barco.
E aí, curtiu essas dicas de viagem para a Índia? Para conferir mais conteúdo sobre viagens, acompanhe a Worldpackers aqui no blog, no Instagram e no Tiktok.
Crédito das fotos em que a autora do artigo aparece: Vivek Gandhi
Sukh
Mai 13, 2025
Nice