Relato do trekking de 3 dias no Vale do Pati, na Chapada Diamantina
Veja o roteiro do trekking, o que você precisa levar, como se planejar e o nível de dificuldade de uma das trilhas mais lindas da Chapada Diamantina: o Vale do Pati.
5min
O Vale do Pati faz parte do Parque Nacional da Chapada Diamantina. É possível chegar até lá por três vias de acesso: Guiné (Mucugê), Andaraí e Vale do Capão (Palmeiras), a escolha de cada um deles vai depender da disposição de cada grupo, do roteiro escolhido, de quantos dias será a travessia e pelo guia responsável pelo trekking.
Geralmente os mais utilizados são Guiné e Andaraí, por serem mais rápidos, a entrada pelo Capão é de aproximadamente 23 km, levando um dia inteiro só para chegar no primeiro ponto de apoio do Vale.
Estes acessos e trilhas foram utilizados no passado, por produtores de café da região para transportar suas produções para outras cidades e capitais. Aqui também teve a exploração de minério com o ouro e extração de diamante.
Dentro do Vale ainda permanecem famílias que fazem de suas casas dormitórios, pontos de apoio para receber turistas.
A primeira pergunta que veio à minha mente quando subi naquele 4X4 foi: Será que estou pronta para enfrentar esses três dias de peregrinação dentro do Parque? Eu, que já tinha ouvido tantas experiências de outras pessoas que por ali passaram, fui me impulsionando a querer vivenciar essa experiência também e foi lindo.
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O trekking no Vale do Pati – feito por mim, outras cinco pessoas e o guia – durou três dias. Vamos lá?
Dia 1: O começo
No primeiro dia entramos no Vale pela Guiné, dentro dos limites do Parque Nacional da Chapada Diamantina uma trilha inicialmente calma, constituída por uma planície de vegetação rasteira, até o primeiro ponto de subida, conhecido como Aleixos. Por ser uma subida íngreme seguimos com calma e cautela, já que segurança sempre em primeiro lugar.
No topo avistamos aquela imensidão e demos continuidade até um mirante que nos apresentou ao Vale e toda a sua amplidão. Paramos para retomar o fôlego, nos alimentarmos e contemplar algumas construções: igreja, casa de moradores, cemitério.
Em seguida, descemos e seguimos a trilha que nos levou à nossa primeira parada: a Cachoeira do Calixto, toda de água gélida e muito refrescante, já que o calor era intenso. Na sequência seguimos na trilha até o primeiro ponto de apoio – a casa de Dona Raquel. Foi ali que preparamos nossa refeição e descansamos, afinal, esta aventura estava apenas começando.
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Dia 2: Metade da peregrinação
Após o café da manhã e depois de abastecer nossas mochilas, seguimos rumo ao Morro do Castelo. Como havia chovido na noite anterior e ainda estava garoando um pouco, seguimos pela trilha com muito mais cuidado. Nem preciso dizer do lamaçal que encontramos pelo caminho, né?! Pois bem...
Nossa peregrinação até o Morro do Castelo foi presenteada por passagens entre grutas, subidas por penhascos e uma natureza exuberante ao nosso redor. Ao chegarmos no topo do Morro fomos surpreendidos por mais chuva, bem na hora do nosso tão desejado e esperado o momento do almoço. Recolhemos tudo e ficamos na parte de baixo do mirante esperando a chuva passar e continuamos a preparar nossa refeição.
Quando o sol apareceu (que delícia!) éramos puro sorriso e alegria, pois conseguimos terminar até o mirante do Morro e, boquiabertos, ficamos a admirar e contemplar aquele lugar (de fato, uma das vistas mais belas de toda minha vida).
Ficamos ali por um bom tempo e após vários registros fotográficos retornamos à trilha de volta à casa de Dona Raquel, pois naquela noite iríamos dormir em outro ponto de apoio – Casa do Seu João.
Ao chegarmos lá, esperávamos encontrar um forró recomendado por todos que já tinham passado por ali. Mas, como nem tudo neste mundo é perfeito, ficamos só na vontade... Mesmo assim, nos entregamos ao momento “cozinhando todo mundo junto e misturado ao mesmo tempo” até a refeição ficar pronta. Mesa posta e bem farta, fomos nos servindo, conversando, rindo... (são estas pequenas coisas que me torna uma pessoa mais feliz).
Pancinha cheia, tudo limpo e organizado, hora do “momento relaxar e dormir”, pois o dia começaria cedo.
Dia 3: Fim dos nossos serviços
Não vou mentir, mas o cansaço era claro no rosto de cada um de nós. Mesmo assim, respiramos fundo, aproveitamos os primeiros raios de sol para nos energizar e, após um café da manhã daqueles bem caprichados, nos despedimos das pessoas que nos acolheram e cuidaram com tanto carinho e seguimos rumos ao Cachoeirão, a segunda maior queda da Chapada Diamantina (270m).
A trilha começou leve até nos depararmos com uma fenda (abertura em meio a um paredão) no portal da entrada, que nos levaria até o Cachoeirão. Subimos entre pedras, avistamos paredões, mirantes (que lugar é esse meu Pai!) e seguimos a trilha em um bom percurso plano.
Após alguns quilômetros de caminhada nos deparamos com águas sendo jorradas por dentro daqueles paredões, um rasgo em meio a mata, arco-íris sendo formado pelo encontro da água junto com o sol... todos ficamos boquiabertos com aquela imagem.
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Dali seguimos até uma pequena cachoeira, onde fizemos nossa última refeição e retornamos ao ponto de partida. Ao chegarmos no carro, nos despedimos do lugar e de cada um e seguimos na estrada com olhar atento a pensativo a tudo o que vivemos ao longo desses dias.
Nossa aventura fechou com chave de ouro, com um céu escurecendo e ao mesmo tempo clareando, já que as estrelas iluminaram tanto aquele momento único no céu do Vale do Pati, quanto nossos corações.
Dicas do Pati
Dificuldade: de média a alta . Recomendo que haja preparação física pelo menos um mês antes. Dependendo da escolha do seu roteiro você irá caminhar até 23km por dia. Que tal escolher um parque da sua cidade e começar aquela caminhada diária?
O que não pode faltar na mochila: repelente, protetor solar, lanterna, boné, capa de chuva, roupa de banho, tênis ou bota para trilha (caso você escolha usar bota, recomendo fazer uso dela antes, evitando que crie bolhas e para ela ir se moldando ao seu pé).
Sugestão: leve um caderninho de bolso e use como um mini diário de bordo, tenho certeza que você não irá se arrepender de registrar cada momento mágico desta experiência.
Ah, se você ama tirar foto e usa o seu telefone para isso, leve um daqueles carregadores portáteis carregadíssimo, a energia é solar e nem sempre há disponibilidade para uso, então se queres deixar cada momento registrado em um flash, fica a dica!
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Ieda Stelina
Set 28, 2018
Pati é o lugar mais mágico que já fui 💚