Minha viagem para Israel como voluntário

Trabalhar enquanto eu curtia minha viagem para Israel, um dos lugares mais intensos e interessantes do planeta, foi umas das experiências mais marcantes da minha vida.

Pedro

Jun 03, 2022

17min

Tudo que vivi em minha viagem para Israel

Após passar três meses na Espanha como voluntário, eu parti para uma terra conhecida por muitos, mas visitada por poucos. 

Israel, conhecida como Terra Santa, foi minha casa por 100 dias. Um lugar onde aprendi muito sobre o que se passa em uma das regiões mais comentadas do mundo por causa de seus conflitos, mas também pelo desenvolvimento em tecnologia de ponta. Israel sem dúvida é um lugar muito peculiar para se conhecer.

Como todo bom worldpacker, eu fiquei num dos hostels mais conhecidos do país: o Abraham Hostel. Como eles possuem três unidades, nas cidades de Tel Aviv, Jerusalém e Nazaré, eu optei por trabalhar todo meu tempo em Tel Aviv. 

1. Sobre o Abraham Hostel

Só o hostel de Tel Aviv possui, aproximadamente, 380 camas espalhadas por 90 quartos. É um edifício enorme! Foi a primeira vez que me hospedei num lugar de tamanha proporção. 

Esse hostel é considerado o 4º melhor extra grande do mundo, de acordo com a plataforma Hostelworld. Nunca vi o lugar vazio, a movimentação diária dele é muito alta. Entra gente e sai gente a todo momento. Ali conheci o mundo inteiro sem ao menos ter que sair do Abraham.


Abraham Hostel, hostel que voluntariei em viagem para Israel

Os funcionários do hostel são as melhores pessoas do mundo! Ali você vai conhecer israelenses, árabes e imigrantes de países africanos como Eritreia, Etiópia e Sudão. É colaborador que não acaba mais! Tive a sorte de conhecer cada um e fiz amizade com muito outros. 

Os voluntários estão em contato direto com todo mundo a toda hora. Nós somos a conexão entre os hóspedes e o hostel. O mais bacana é a acessibilidade de todos com todo mundo. 

Os donos toda hora caminhando pelos corredores trabalhando em alguma coisa. Não posso deixar de mencionar o Maoz, o idealizador desse projeto que começou com um pequeno hostel na cidade antiga de Nazaré.

Há ainda as unidades de Jerusalém e Nazaré. Este é o menor dos três, mas para mim o mais charmoso. Ele se encontra no centro da cidade de Nazaré, onde supostamente Jesus foi criado. 

2. Sobre o voluntariado em Israel

Eu escolhi em trabalhar exclusivamente em Tel Aviv, só houve uma semana que eles precisavam que alguém fosse para Jerusalém e me propus a ir - já era quase no final da minha viagem, eu conhecia toda a galera de lá. 

Só em Tel Aviv nós éramos em dez voluntários quando eu cheguei. Nenhum israelense. Para ser voluntário é necessário ser de outra nacionalidade. 

Nosso quarto está localizado no segundo piso e convivemos naquele ambiente como uma família. Imagine dez pessoas de diferentes nacionalidades convivendo num mesmo canto por alguns meses?

Parece loucura viver assim, mas todo mundo amava. Naquele quarto eu fiz amizade que vou levar para a vida inteira. Gente da França, Alemanha, Brasil!, Estados Unidos, Itália, México, Argentina e diversas outras nacionalidades

O mais legal é que sempre estávamos juntos. Inclusive no trabalho sempre estávamos em pelo menos duas pessoas no shift.

Nosso calendário era semanal e podíamos colocar os dias trabalhados aleatoriamente, inclusive nossos dias livres. Eles faziam isso para não criar uma rotina cansativa para o voluntário e assim poderíamos viajar pelo país fazendo os tours que eles proporcionam em dias diferentes. 

Os benefícios de ser voluntário do Abraham são: acomodação, café da manhã e almoço, lavanderia na faixa, quase todos os tours de graça (só pagamos para ir para Petra na Jordânia, mas temos 60% de desconto), desconto para comer e beber no bar, ir nas van deles para Jerusalém e Nazaré na faixa e podemos ficar em todos os hostels que eles possuem sem pagar um centavo (tendo quarto disponível, é claro). Ou seja, se quisermos não gastamos um real.

Mas tudo tem um preço. Nós, voluntários, temos o mundo dentro do Abraham, entretanto, temos que fazer jus a nossas “regalias”. Eles esperam que trabalhemos de forma correta dentro do horário estipulado, o qual eles respeitam muito!

3. Documentação necessária e imigração

Essa é a questão que mais assusta as pessoas que me procuram para perguntar sobre o programa. Não é por menos. Israel é conhecido por ter a fronteira mais complicada para entrar. Eles perguntam as coisas mais absurdas e querem saber sobre tudo e todos que você conhece. 

Isso não se aplica apenas para estrangeiros, mesmo para os israelense o procedimento é o mesmo, muitos me contaram que odeiam ter que passar pela imigração, principalmente se há sobrenome árabe em seus nomes.

Quais documentos eu tinha quando pousei em Tel Aviv, vamos lá: 

Como eu estava viajando sem expectativa de quando eu iria sair do país, eu entrei apenas com a passagem de ida, o qual muita gente não recomenda. Mas eu não tive escolha. Eu me apliquei para ficar dois meses, mas acabei por ficar 100 dias.

Eles perguntaram sobre o motivo da minha passagem só de ida e fui sincero, eu disse que meu próximo destino era a Ásia e não sabia quando iria. Minha única certeza é que eu não ficaria ilegal em Israel em hipótese alguma. 

Eu tinha uma reserva que o Abraham enviou para eu apresentar na fronteira (isso ajuda muito!) e tinha meu seguro viagem, o qual eles não fizeram questão.

Eu fiquei no máximo dez minutos alí. Tive sorte, pois tem gente que passa duas horas numa sala sendo questionado sobre sua ida até Israel. Amigo(a), se você possui carimbo de países árabes a chance de você ser “barrado” é grande. Mas no final você será liberado, só tenha paciência e NÃO faça gracinha com eles. 

Outro ponto importante é: nunca diga que você vai ser voluntário em Israel, se eles descobrirem essa informação sua estadia no país pode ir de 90 dias para 7 dias. Se isso acontecer não há nada mais que possa fazer.

Sobre o visto, os brasileiros não precisam fazer nada além de chegar no aeroporto e apresentar o passaporte. Eles não carimbam o passaporte de ninguém por um simples motivo: se você tiver a pretensão de conhecer algum país árabe e eles virem um “carimbo” de Israel, você não entra. 

Por isso que a migração te dá um papel contendo informações de quando você entrou e a data da sua saída. Não perca esse minúsculo papel! Mantenha ele dentro do seu passaporte.

4. A vida em Tel Aviv 

Não há tantos lugares históricos para se ver em Tel Aviv como em Jerusalém, mas a vida noturna da cidade é sensacional. Fora as praias, que são coisas de outros mundo. 

Se você curte bons restaurantes e sair para bares descolados, a cidade tem centenas de opções para todos os gostos. 

Só tem um problema, o preço. Tudo naquele país é caro, não só Tel Aviv. O preço da cerveja num bar é 30 shekels, a mais popular. Hoje o Real e o Shakel estão quase uma para um. Isso quebra o bolso de qualquer um.

Vida noturna

Lembra quando comentei sobre os benefícios de ser voluntário no Abraham? Um que deixei para falar agora são os Pub Crawls, que acontecem diariamente e que podemos ir de graça também. 

Pra quem gosta de música eletrônica Tel Aviv é o lugar perfeito! Na verdade a cena techno de Israel é bem forte. Há festivais acontecendo quase toda a semana naquele país, inclusive no deserto.


Opções de vida noturna em uma viagem para Israel

Vale a pena mencionar algumas baladas de Tel Aviv conhecidas pela galera: Kuli Alma, Radio, Lima Lima, Jimmy Who, Sputnik, Breakfast e The Block. Pra quem é fã de música eletrônica, The Block é o lugar mais tradicional da cidade.

Praias sensacionais

Cheguei em pleno verão. Essa época em Tel Aviv você encontra a população inteira indo para a praia diariamente. É lindo de ver! Praias quentes, areia de verdade e MUITO sol. 

No calçadão você encontra gente caminhando sozinha, com família, com cachorro, andando de patinete e bicicleta motorizado (todo mundo anda com um desses lá) e fazendo exercício físico ao ar livre.


Não deixe de conhecer as praias em sua viagem para Israel

Para mim é a melhor época para conhecer o país. Fora que no verão acontece o Beach Hangout no hostel, onde levamos os hóspedes três vezes por semana para a praia. É a maior festa! Vai uma galera passar o dia em Geula Beach. A costa inteira de Tel Aviv é movimentada por praias e muita gente!

Um passeio pelos primórdio de Israel: Jaffa

Outro lugar para conhecer mais um pouco da cidade de Tel Aviv é o bairro de Jaffa e o porto com o mesmo nome. 

Jaffa foi onde tudo começou em Israel, foi lá onde chegaram os primeiros judeus até a Terra Santa. O lugar é lindo para conhecer, fora que na região há vários barzinhos e café que valem a visita. É ali onde se encontra o lugar mais famoso para comer húmus, o Abu Hassan.

A comida é sensacional e multicultural

Em todo o país se come muito bem. Como o país é predominante judeu e vinte por cento da população é árabe, há uma mistura muito grande de paladares em Israel. 

Fora que há judeus que vieram de países africanos e outras áreas do Oriente Médio como Irã e Iêmen. Há bairros compostos por refugiados, onde se encontra deliciosos restaurantes de comida das Filipinas, Sudão e Etiópia (Injera é um dos pratos mais gostosos que comi na vida).

Fora o húmus e a pita (tipo de um pão sírio), vale a pena destacar a Shakshuka, um prato feito de legumes e muito molho de tomate e ovos que são colocados no final da receita. 

Falafel é o meu favorito, são bolinhas fritas feitas de grão de bico dentro da pita, alguns lugares os restaurantes colocam batata frita, genial! A shawarma é carne fatiada dentro da pita ou outras opções de pães.

Como há judeus de várias partes do mundo morando em Israel, é possível encontrar restaurantes com comida do Irã e Iraque, e restaurante Iemenita. Esse último vale muito a pena ir no Saluf and Sons.

Allenby Street e o Camel Market

Allenby Street é uma das ruas mais famosas de Tel Aviv e onde você pode encontrar (quase) de tudo lá. Tem restaurante, cafés, livrarias e muita gente. Caso você goste de livros eu recomendo o Halper’s Books, nesse lugarzinho há um acervo enorme de livros em inglês e, caso você entende, hebráico.

O Camel Maket está na Allenby Street e é de fácil acesso. É nele onde você vai encontrar as lembrancinhas para levar para a família. Temperos, frutas, legumes, brinquedos, bebidas, imãs de geladeira, nesse lugar há de tudo.

5. Jerusalém, a Terra Sagrada

Vou ser honesto, fui para Jerusalém umas cinco vezes, mas a primeira vez foi estranha. Não negativamente. Era um lugar que eu não me imaginaria estar tão cedo, mas lá estava eu, olhando para a Cidade Antiga. 

Um lugar que mistura crença e descrença. Onde três religiões faziam fronteira umas com as outras. Num raio de 400 metros estavam uma sinagoga, uma igreja e uma mesquita. Árabes e judeus e cristãos espalhados por toda a cidade.

A diferença entre Jerusalém e Tel Aviv está na história. Para quem gosta de história e religião, Jerusalém é o lugar certo. Há vida noturna, mas não tão agitada quanto Tel Aviv.

Tour pela Cidade Antiga

Fiz um tour pelo Abraham com duração de quatro horas pela Cidade Antiga. Foi muito bom! Fomos no Muro das Lamentações, entramos no Santo Sepulcro, caminhamos pela Via Sacra, fomos no Monte do Templo. 

Uma observação é na quantidade de gente caminhando por lá. O mundo inteiro estava lá. Religiosos e curiosos.

Tour pelo Monte das Oliveiras

O Monte das Oliveiras está situada num pico onde já começa o Deserto da Judeia. Ele tem esse nome pela quantidade de oliveiras que cobriam a área no passado. 

Essa região é importante para as três religiões, e, segundo a Bíblia, foi onde Jesus Cristo passou alguns de seus ensinamentos.

Outros pontos importantes no Monte das Oliveiras é a Igreja de Todas as Nações e a Igreja Maria Madalena.

Tour pela Cidade de Davi

Esse é um dos principais sítios arqueológicos do país. O tour mostra como teria sido a cidade do Rei Davi caso ela tivesse existido nos dias atuais. Eles construíram maquetes e desenhos mostrando a cidade que está no vale de Jerusalém. 

O interessante foi cruzar o Túnel de Ezequias, um trajeto que dura um pouco mais de 30 minutos num espaço minúsculo, onde há água cobrindo os pés das pessoas numa altura até o tornozelo. Para quem não consegue ficar em lugar fechado por muito tempo eu não recomendo. Foi intenso!

Museu do Holocausto (Yad Vashem)

Foi muito estranho conhecer esse lugar. A arquitetura dele remete algo sombrio e gelado, e não por menos, ele conta a história do holocausto com imagens e frases, com objetos encontrados nos campos de concentração e nos guetos. 

Há nomes de homens, mulheres e crianças que sucumbiram com a onda antissemita na Europa nos anos 1940. A experiência foi intensa. Eu recomendo para todos que estão em Jerusalém conhecer esse lugar.

6. Lugares que devem ser visitados em Israel

Israel é um país do tamanho do estado de Sergipe no Brasil, mas a dimensão de lugares e histórias que há nesse pequeno pedaço de terra é enorme. 

Confira as minhas dicas do que conhecer em uma viagem para Israel:

Nazaré, Mar da Galileia, Colinas de Golã e Reserva Natural Banias

Essa é a região norte de Israel. Em poucos dias é possível fazer um tour por esses lugares com o Abraham, o qual os voluntários podem fazer de graça se houver espaço. Só pagamos a entrada do Banias, o qual vale muito a pena.

A cidade de Nazaré é bem pequena e predominante árabe. Na cidade você consegue encontrar tanto muçulmanos como cristãos, e dizem que o natal é bem bonito por lá. 

Na minha estadia na cidade eu fui mais para descansar do agito de Tel Aviv. O hostel, como eu disse anteriormente, é uma mansão árabe e o primeiro hostel que o fundador Maoz abriu da família Abraham. O mais charmoso na minha opinião.

Uma das trilhas mais famosas do país sai dessa cidade, a Trilha de Jesus. Esse é um percurso de 62 km que sai de Nazaré e chega até Capernaum, norte do Mar da Galileia.


Não deixe de conhecer o mar da Galileia em sua viagem para Israel

O Mar da Galileia é o maior lago do país, é também ponto de encontro entre aventureiros em busca de algo diferente. Nele é possível fazer caiaque e muita gente se junta em volta para fazer piquenique e nadar no lago. 

As Colinas de Golã, ou Golan Heights, é uma região que faz fronteira com a Síria e é muito importante para Israel por questões políticas. 

Como Israel já sofreu várias investidas, as Colinas de Golã já foram palco de guerra na conhecida Guerra dos Seis Dias. Nessa região fica o Banias, uma reserva nacional que possui cachoeiras e um sítio arqueológico.

Haifa e Akko (Acre)

Haifa é uma das maiores cidades de Israel e também está localizada na região costeira do país. Os dois lugares mais famosos da cidade são os jardins no Monte Carmelo e o Santuário de Bahá'u'lláh. 

Tem dois jeitos para chegar nesses lugares, que estão no topo da cidade de Haifa: ou você pega um ônibus e chega “limpo” lá em cima, ou você vai a pé mesmo e enfrenta uma hora e meia de caminhada só com subida. Adivinha qual foi minha opção? A segunda é claro. Mas valeu cada passada a vista.

Haifa também é conhecida por ter uma das melhores universidade do país. Uma curiosidade sobre o campus da universidade é que ela foi projetada pelo Oscar Niemeyer. Brasil fazendo parte da história de Israel!

A cidade de Akko, ou Acre, está a poucos quilômetros de Haifa e há uma fortaleza ao redor da cidade da época do Império Otomano. A cidade é cheia de monumentos históricos, como um túnel que corta a cidade inteira e o simpático porto que está na região costeira da cidade.

É possível fazer em dois dias esse passeio. O trem de Tel Aviv para Haifa e Akko é direto e rápido. Em menos de uma hora e meia você chega até a cidade de Akko.

Masada, Mar Morto e Ein Gedi

Masada é uma fortaleza perto do Mar Morto e está num penhasco muito alto! São centenas de degraus até a chegada da fortaleza. O calor que faz antes mesmo do nascer do sol é muito forte. Não é algo simples de se fazer, mas vale muito a pena.

A história de Masada é uma das mais interessantes. Os romanos tentaram entrar em Masada para conquistar a fortaleza que estava sendo ocupada por um grupo de rebeldes judeus. Quando os romanos conseguiram entrar e antes que os rebeldes fossem capturados, todos que estavam na fortaleza cometeram suicídio. Homens, mulheres e crianças. Eles fizeram isso para pouparem seu povo da desgraça romana. Fico arrepiado toda vez que ouço essa história.

Após percorrer toda a fortaleza de Masada, nós seguimos caminho para Ein Gedi, um oásis localizado na região do Mar Morto. Nele há cachoeiras onde podemos nadar e ficar descansando após a subida de Masada. O lugar foi uma das melhores surpresas do passeio. Aconselho a todos irem nesse lugar.


Pedro no Mar Morto em sua viagem para Israel

Para finalizar fomos no famoso Mar Morto. É interessante ficar boiando por alguns minutos e passar lama no corpo inteiro, vale a experiência. Entretanto, por conta do excesso de sal na água, a pele começa a ficar irritada (pelo menos a minha ficou) e se você tiver algum machucado, o menor que seja, vai começar a arder. Esses são lugares que valem muito a pena conhecer.

Hebrom e Nablus

O tour que fiz para a cidade de Hebron foi um dos mais importantes para mim. Nele nós tivemos a presença dos dois lados da moeda e cada um contando suas versões da história do conflito entre Israel e Palestina. 

Começamos com um judeu que contou um pouco dos massacres ocorridos naquela cidade e depois fomos entregue ao palestino que nos mostrou o mercado e como era a sua vida sendo vigiada pelo exército israelense 24 horas por dia.

Nablus é a cidade do povo Samaritano e lá fomos conhecer alguns sítios famosos como o muro de Jacob e tumba de José.

Ramala, Jericó e Belém

Como toda cidade da Palestina, o forte é o comércio. Começamos nossa visita na cidade de Ramala direto no centro da cidade. Parece que saímos de Israel e entramos em outros mundo, tudo é muito diferente. 

Ainda em Ramala fomos no túmulo do Yasser Arafat, o principal líder Palestino que liderou o país contra as forças de Israel. Ele é um símbolo adorado no país e odiado em Israel. 

O próximo destino foi Jericó, considerada a cidade mais antiga do mundo, com mais de 10.000 anos, ela está a 240 km abaixo do nível do mar. Foi onde eu mais passei calor em todos os cem dias por essas bandas.

Por último chegamos até a cidade de Belém (Bethlehem), onde supostamente Jesus Cristo nasceu. Já na cidade fomos direto para a igreja onde se encontra o berço de Jesus no subsolo. 

O mais interessante da cidade foi ficarmos frente a frente do muro que separa o estado de Israel com a Palestina. São mais de 700 km de concreto que separa os dois lado. Em Belém o muro está com vários grafites de cunho político e uma delas foi feita pelo famoso Banksy.

7. Jordânia e a cidade e Petra

Esse foi um tour que durou três dias. Saímos terça às seis horas da manhã e fomos até a fronteira da Jordânia, o que levou um tempinho para passar todos. 

Pagamos as taxas não inclusas na viagem, nossos passaportes foram carimbados e fomos em direção ao primeiro destino: Amã e Jaresh. 

Nossa guia foi uma mulher jordaniana que conhecia tudo sobre tudo. Ela explicou todos os lugares para nós e esteve com a gente até a volta na fronteira de Israel. Sua história é muito interessante, ela lutou muito para chegar no posto de guia, que é ocupado só por homens na Jordânia

Em um dia fizemos as duas cidades. Fomos para Jaresh primeiro e conhecemos um sítio arqueológico que mais parecia Grécia do que Jordânia. 

Nesta cidade houve muita influência romana e se tornou parte da Decápole, um conjunto de cidades formado por dez cidades na fronteira oriental do Império Romano na Judeia e Síria. Nela é possível entrar no maior teatro romano da região e passar por toda a arquitetura remanescente.


Viagem para Israel: Tempo de Hércules

Em Amã fizemos uma rápida visita num sítio arqueológico e conhecemos o Templo de Hércules. Vale a pena comentar sobre a vista desse lugar. É possível ter uma visão 360° da cidade de Amã, o qual é muito parecido com as casas na Palestina e algumas em Jerusalém. Formato é o mesmo e a cor é a mesma. 

Seguimos rumo ao nosso “hotel” para podermos seguir para Petra no dia seguinte. Dormimos num campo de beduínos próximo ao nosso próximo destino. O lugar era incrível e as pessoas mais ainda. Nosso grupo ficou bem instalado e não tivemos problemas com nada. 

A noite jantamos com todos e depois ficamos perto da fogueira no centro do campo bebendo chá e conversando. Dormimos cedo porque iríamos partir às sete horas da manhã em direção a petra.

Cidade de Petra

A cidade possui milhares de anos de história e diversas trilhas para fazer. Para conhecer a cidade inteira necessitaríamos de pelo menos dois dias, por isso tivemos que ir nos pontos principais, o qual já era muito!


Viagem para Israel: Bate e volta para Petra

Em alguns minutos de caminhada já avistamos o fabuloso Al Khazneh, conhecido como "O Tesouro". Que sensação maravilhosa foi aquela! Nunca imaginaria que pudesse estar de frente daquele monumento nessa viagem. 

Sabíamos de uma trilha que dava nas encostas das montanhas em frente ao Al Khazneh para uma vista deslumbrante. Deixamos essa para o final. Continuamos nossa caminhada até os restos do que foram um dia uma igreja bizantina. Como tudo nesse lugar, as ruínas prevaleciam no nosso horizonte. Passamos pelo Great Temple e o museu.

Chegamos onde queríamos estar, no Ad Deir, o famoso Monastério! Ficamos por lá por uns quarenta minutos descansando. É praticamente subida até a chegada do Ad Deir, por isso resolvemos parar por um tempo. 

Passamos pelas Tumbas Reais e seguimos em direção até o topo da montanha. Essa trilha nos custou muito suor e sola de tênis. Por mais de uma hora caminhamos até o nosso destino, mas não poderia estar mais feliz naquela hora. Era um lugar onde nem todos iam, a caminhada era puxada depois de um dia intenso conhecendo a cidade de Petra. Muita gente utiliza animais como transporte, mas eu me nego a fazer isso. Os burrinhos andavam para cima e para baixo carregando gente. Se vocês forem para Petra, por favor, não contratem animal de carga!

Que vista! Não queríamos sair dali mais. Foi muito louca a sensação de estar no topo da cidade de Petra! Após alguns minutos resolvemos descer para não perder o ônibus de volta. 

Voltamos para o campo dos beduínos e por ali jantamos e dormimos para a aventura do dia seguinte.

Deserto de Wadi Rum

Na manhã do último dia fomos em direção sul até o deserto de Wadi Rum. No recinto estava nos esperando uma frota de jeeps para uma passeio no deserto de aproximadamente duas horas. 

A cena parecia que eu estava no filme Mad Max ou no planeta Tatooine do Star Wars. Foi incrível! Avistamos vários beduínos caminhando por aquelas bandas e tivemos três paradas. Uma delas havia uma frota de camelos, onde todos brincavam e tiravam fotos com os animais. 

Na última parada fomos numa tenda beduína onde foi explicado como era a vida desses nômades do deserto. Nossa guia nos mostrou como funcionava as principais regras deles. A maioria dos beduínos vivem nas cidades hoje em dia, mas ainda há os que caminham pelos desertos.


O camelo me disse que o único problema de viver no deserto era a falta de camelas.

Lembra que eu comentei que consegui estender meu visto? Foi na volta da Jordânia para Israel que isso aconteceu. Muita gente faz isso para poder ficar mais três meses no país. 

Ao entrar para a “entrevista” com a agente da fronteira, eu respondi todas as perguntas lançadas a mim. A moça era bem simpática para os padrões da imigração. Ela estendeu meu visto para mais três meses! Então eu poderia ficar até final de Janeiro na teoria.

Esse foi o fim da minha viagem de Petra e da minha jornada em Israel. Fiquei por mais alguns dias no país e fui rumo a minha próxima aventura: Tailândia!

8. Despedida após minha jornada de cem dias em Israel

Esse foi o momento mais difícil durante minha viagem para Israel. Depois de passar tanto tempo num lugar que eu chamei de casa, era hora de dizer até logo para meus bons amigos que fiz naquele lugar. 

Ser voluntário em Israel me ensinou a ser mais humano. Relembrando tudo o que ocorreu naquele período eu só tenho que agradecer as pessoas que estiverem ao meu lado. A resposta sobre o motivo da minha viagem é incerta, mas ter encontrado toda essas pessoas no caminho faz parte da resposta.


Amigos que fiz em viagem para Israel




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