Meu primeiro mochilão, por onde eu começo?

A decisão do primeiro mochilão traz inseguranças para qualquer pessoa. Por isso, nesse artigo vou esclarecer as dúvidas de quem está começando nessa vida de mochileiro.

Cadu

Abr 01, 2023

6min

viajante em mochilão pela América do Sul

Viajar sozinho é uma das experiências mais libertadoras que alguém pode ter na vida. É uma grande oportunidade de ver o mundo com novos olhos, sem referências dos seus antigos padrões e julgamentos, permitindo transformar toda a sua maneira de compreender o mundo a sua volta.

Muitas pessoas que pensam em fazer a sua primeira viagem sozinho tem o desejo de mochilar na Europa ou na Ásia, pensando que precisam ir tão longe para ter um choque de realidade e sair completamente da sua zona de conforto.

Não se engane, o nosso país e a América do Sul como um todo escondem belezas, culturas, sabores e experiências tão singulares como as que você pode estar buscando do outro lado do mundo.

Confira as minhas dicas para seu primeiro mochilão:

1. Minha experiência como viajante

Após ter viajado por dois anos e oito meses pela Ásia e Oceania, retornei ao Rio de Janeiro conseguindo absorver com mais clareza tudo que a minha cidade tinha a oferecer.

As pessoas nas ruas, a música em cada esquina, o calor humano do brasileiro, os sorrisos, as comidas e as paisagens da minha cidade agora conseguiam cativar a minha atenção de uma maneira que antes não acontecia.

Diante desta nova percepção do mundo ao meu redor, fiquei interessado em explorar um pouco mais dos países da América do Sul que eu ainda não conhecia.

Em poucos meses as oportunidades começaram a surgir, desde passar alguns dias no Chile para ir conhecer as Ilhas Falklands, até organizar uma expedição para cruzar o Brasil de carro visitando diferentes experiências de voluntariado no nosso país.

Até o momento, de todas as experiências na América do Sul, a que mais me marcou foram os 21 dias que passei no Peru para explorar o Vale Sagrado. Todos os dias havia uma surpresa, eu realmente não sabia o que esperar daquele país e ele acabou sendo, de longe, o mais divertido que visitei até hoje.

Viajar como Worldpacker em Cusco e no Vale Sagrado com certeza é uma oportunidade única de se imergir na riquíssima cultura local e aprender um monte sobre a cultura Andina (quem sabe até voltar para casa sabendo um pouco de Quéchua!).

2. O país favorito para viajar na América do Sul

Se eu pudesse dar uma dica para quem quer fazer a sua primeira viagem sozinho e não sabe para onde, eu diria: Vá para o Peru!


Grupo de viajantes que me acompanharam na visita à Ollantaytambo no Peru.

Um mix de culturas milenares, povo caloroso, ruínas perdidas, montanhas nevadas, comidas deliciosas, muitas festas e preço barato é o que faz do Peru um grande hub de viajantes e mochileiros do mundo inteiro.

Boa parte do público mochileiro que está no Peru são de pessoas fazendo a sua primeira grande aventura sozinho, então todos os ambientes, como os hostels, bares, boates e excursões acabam reunindo esse perfil de gente que está atrás de expandir, aprender, fazer amigos, se conhecer e se divertir. É uma vibe muito boa!


Senhor do Vale Sagrado em seus trajes típicos fazendo marcernaria.

Meu primeiro mochilão foi para o Leste Europeu e foi incrível, mas eu visitei apenas as grandes capitais e toda viagem girou bastante em torno de festas, walking tours e museus.

Hoje os meus interesses de viagem são diferentes, eu me interesso muito mais em aprender sobre cultura local, e no Peru ou na América do Sul, é muito mais fácil se imergir nisso do que em países que já são um pouco mais ocidentalizados. Por aqui há muito mais com o que se encantar com as comidas, paisagens, cultura, história e músicas do que em outras partes do mundo. Nós temos muita riqueza no nosso continente e temos que saber reconhecer isso.


Nem imaginava que era possível ver lugares como esse na América do Sul, Mount Veronica - Peru

Ir à uma noite de salsa ao vivo e assistir aquelas bandas com 12 pessoas no palco fazendo um som único, que é impossível ouvir parado, em um ambiente onde 60% dos presentes são pessoas locais que adoram a sua música tradicional e dançam muito bem e os outros 40% são viajantes do mundo inteiro, é uma experiência que você SÓ vai ter na América do Sul, e com certeza marcará a sua memória sobre as baladas dos países que você visitar.

Se você não fala inglês e tem o espanhol limitado, não tem problema. Você não precisa ser fluente em idioma nenhum para conseguir viajar tranquilo, o nosso bom portunhol é mais do que suficiente para se virar num mochilão pela América do Sul.

Na verdade, você pode até utilizar deste plano de viagem para adicionar mais uma competência no seu currículo profissional também, um novo idioma.

Muita gente já torceu o nariz para mim quando eu recomendei uma visita aos países da América do Sul e eu entendo, pois a verdade é que sabemos muito pouco sobre eles. A falta de conhecimento sobre o turismo da América do Sul, e o que nos espera em cada um dos países desse belo continente, é o que não desperta o interesse de ir desbravá-lo.

Contudo, com as mídias sociais, basta você digitar o nome do país que quer visitar no Instagram que você com certeza irá se deslumbrar com as fotos e paisagens que existem por lá que você nem sabia que estavam tão perto.

3. Porque começar a mochilar partindo pela América do Sul?

Além de cultura e belezas naturais, outro grande atrativo de um mochilão sul americano é o preço. A nossa moeda é bem valorizada nos países da América do Sul e o custo de vida neles é mais baixo que no Brasil, tornando possível comer bem, se locomover, sair, beber e fazer passeios com valores bem acessíveis.

Em Cusco, por exemplo, que é uma das principais cidades turísticas de todo o hemisfério Sul, é possível comer em um restaurante simples uma sopa de entrada, prato principal, suco e sobremesa por apenas 10 Soles, o equivalente a menos de 12 reais. Na Europa isso tudo não sairia por menos de 8 Euros, ou 35 reais.

Acomodações em dormitórios de hostels giram em torno de 20 a 35 reais por noite, ou zero se você for sagaz e estiver fazendo um voluntariado pela Worldpackers e economizando uma boa grana na sua viagem. Grana esta que você pode gastar nas festas, passeios e translados para visitar mais lugares na sua viagem.

Se você nunca ficou em um hostel antes, fica tranquilo que não é nenhum bicho de sete cabeças, veja só um vídeo mostrando como é um albergue por dentro.

Para quem ainda não tem passaporte e as férias estão próximas, nós, brasileiros, temos a possibilidade de visitar nove países da América do Sul usando apenas a nossa carteira de identidade, desde que tenha sido emitido há menos de dez anos e em bom estado de conservação. Os países que podemos visitar são: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Venezuela e Uruguai.

Se você tem o objetivo de partir numa viagem sem data de retorno, conseguindo levantar grana pelo caminho e reduzindo ao máximo os custos da sua viagem. Uma das dicas que eu sempre dou é para fazer trabalho voluntário durante a sua viagem.

A Worldpackers possui centenas de anfitriões cadastrados por toda América do Sul, precisando de todos os tipos de trabalho que você puder imaginar, desde trabalhar na recepção ou bar de hostels, até ajudar em projetos sociais para comunidades necessitadas.

São muitas oportunidades de você aprender, contribuir, levar conhecimento, se imergir na cultura local, fazer amigos para uma vida inteira e reduzir os seus gastos de viagem.

Fazer uma viagem sem rumo, simplesmente aproveitando a grana guardada que você já tem, comprando a passagem de ida para o primeiro país que deseja visitar e, de lá, vendo no que dá, pode ser o caminho para você descobrir a potência que habita em você que você ainda não descobriu.

A força de vontade e a autoconfiança que este tipo de viagem irá construir na sua personalidade serão características que vão transformar a sua vida para sempre, e tudo isso pode começar a partir de agora, no momento que você se abrir e tomar o último gole de coragem que faltava para você decidir cair no mundão.

Se joga, cara!



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