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Minha experiência na Catfarm: uma comunidade sustentável no sul da França

Sempre que busco novas experiências na Worldpackers, escolho as mais próximas da natureza, em fazendas ou comunidades sustentáveis. Por isso me inscrevi para voluntariar neste pequeno vilarejo de Poussan, no sul da França.

Tiago

Abr 21, 2022

6min

comunidade sustentavel sul da franca

Logo que enviei a aplicação, fui aprovado. Senti que estava no caminho certo, e assim eu começava a minha breve, mas intensa, experiência na CartFarm.

Mas afinal, o que é uma comunidade sustentável?



Uma comunidade é formada por pessoas que compartilham das mesmas ideias e pode ser formada em qualquer lugar. Já as comunidades sustentáveis são em sua maioria afastadas dos grandes centros urbanos e buscam uma vida harmoniosa entre os moradores e o meio ambiente. 

A CatFarm era conhecida como fazenda do senhor Ruud, um holandês que sofre de Alzheimer e na época morava na propriedade. Mas seu filho, Ulisses, preferiu transformá-la em um espaço comunitário e assim organizar melhor os cuidados com o local. 

Quando decidi viver um tempo por lá, recebi um documento com as orientações gerais de como é a vida e filosofia de uma comunidade sustentável, além de instruções sobre como chegar até lá. 

Mas..eu não era fluente em inglês, e agora?

Não, eu não falava inglês de forma fluente quando comecei meu mochilão de 3 meses na Europa, o que me preocupava. Mas assim que cheguei na CatFarm fui bem recepcionado por várias outras pessoas que faziam voluntariado no local. Na comunidade sustentável, muitos sabiam falar espanhol, o que facilitou muito a minha comunicação. 

Para minha surpresa, também haviam mais duas brasileiras em meio a pessoas da Bélgica, Espanha, Reino Unido, Finlândia, Austrália, EUA, Holanda e da própria França.

Outra surpresa: o local era formado basicamente por pessoas vindas da Worldpackers e outros sites de voluntariado, quando cheguei éramos quase 20 pessoas dispostas a aprender e ensinar.

Como cheguei na vila de Poussan, no sul da França



Eu cheguei na Europa com programação só para o mês seguinte, por isso resolvi viajar até o sul da França e viver uma experiência em uma fazenda comunitária.  

  1. Comprei uma passagem de ônibus de Paris para Montpellier
  2. Logo depois, um bonde e um ônibus circular de Montpellier até Poussan 
  3. Para enfim, caminhar até a comunidade sustentável

Foram boas horas de viagem, mas o agradável foi poder contemplar um pouco das paisagens francesas durante o caminho.

Meu trabalho voluntário na comunidade sustentável

Quando me candidatei ao trabalho, o combinado era cuidar da horta. 

Porém, devido ao forte verão francês, o solo estava bem seco e com baixas condições para a agricultura. A escassez de água também era presente. Havia até uma mensagem no banheiro dizendo que “banhos diários não são necessários, economize água”. 

Com a água limitada para o plantio, fui conversar com o Ulisses sobre como me realocar. Foi aí que pude contribuir com outra habilidade minha: criar vídeos

Logo me propus a fazer pequenos vídeos documentários sobre a comunidade e ele aceitou. O dia a dia era bem tranquilo, pessoas unidas trabalhando em um ambiente descontraído e artístico. Consegui colaborar com os vídeos e ainda desenvolver habilidades novas, como a marcenaria.  

Comunidade sustentável: colaboração e aprendizados

A experiência foi tão inspiradora, que pude criar um instrumento musical do zero.

Uma brasileira que conheci colaborou com seus conhecimentos em design e depois de pesquisar na internet, montamos um cajon

O cajon é um instrumento de percussão, basicamente uma caixa de madeira onde se senta para tocar, que faz toda a diferença para a base sonora.

As noites eram muito especiais. Todos compartilhavam músicas de seu respectivo país, cantávamos e dançávamos juntos. E quando eu tocava no violão músicas brasileiras, as espanholas da Catfarm sempre conheciam e ainda cantavam com sotaque.



Havia sempre cerveja e vinho disponível e todos tomavam de forma harmoniosa. Não lembro de ninguém alterado, ou utilizando qualquer outro entorpecente. Mas percebi que os europeus fumam cigarro frequentemente, hábito que não compartilho e realmente me incomodava com a fumaça recorrente.

Fizemos fogueira duas vezes, mas com a cautela de cuidar do espaço ao redor e deixar uma mangueira acessível. A vegetação estava realmente muito seca.

Durante minha estadia, eu era um dos poucos mais familiarizados com música, mas haviam várias pessoas com outros talentos artísticos, circenses ou de artes plásticas, que também aproveitavam sempre os momentos de descontração para divertir e entreter a comunidade.

Como era a alimentação em uma comunidade sustentável

Eu sou vegano e mesmo que várias pessoas da Catfarm comessem carne nas refeições, todos os dias haviam opções veganas. Mesmo no chocolate, ou nos doces. 

No meu segundo dia na Catfarm, fui responsável pelo almoço junto com as duas brasileiras. Por sorte, eu havia comprado um saco de feijão e o carregava em minha mochila. Sou apaixonado pelo feijão brasileiro e já sentia falta de comer enquanto viajava pela Europa

Ao chegar na fazenda, percebi também que entre as várias videiras no caminho, havia muitas beldroegas, pequenos matinhos suculentos de caule grosso, folhas arredondadas e flores amarelinhas que também existem no Brasil. Coletei várias para servir na salada com azeite. 

O almoço foi um sucesso e fiquei feliz de poder compartilhar com pessoas de vários países um pouco da nossa culinária. Todos nos parabenizaram e foi um momento bem legal da viagem.



Percebi que era um ambiente de muito respeito, integração e intercâmbio cultural. Juntamos várias nacionalidades em momento comuns. A culinária era diversa, mas sempre com ingredientes de baixo custo e fácil acesso.

Como lá tudo era comunitário, a comida também era partilhada por todos. As pessoas contribuem com 5 euros diários para comprar os alimentos, o que para mim estava bem tranquilo. 

Fora isso, não haviam mais custos adicionais porque quase não saímos da CatFarm. O café da manhã era livre e cada um fazia o seu conforme fosse levantando. Para o almoço e jantar, separavam-se um grupo responsáveis todos os dias.

O que conheci no sul da França a partir da Catfarm

1. Colinas e montanhas

Ao redor da CatFarm haviam alguns morros, onde podíamos caminhar. Certa vez subi até um e pude observar que o alecrim e o tomilho cresciam espontaneamente e de forma abundante. Fiquei impressionado, porque são plantas que necessitam cuidado no Brasil. Temperos que aprecio muito, por sinal. Aproveitei para coletar alguns.

2. A vila de Poussan no sul da França

A cidade exigia uma caminhada e tinha poucas opções de lazer, fora mercado, café ou observar a arquitetura ou o singelo movimento da pacata vila de Poussan. Eu realmente não me interessei em andar por ela, pois já havia conhecido na chegada e aproveitava o meu tempo livre para partilhar experiências com os outros viajantes na própria comunidade.

3. Praia com mar mediterrâneo

Um dia divertido que tivemos foi poder ir à praia. CatFarm fica bem ao sul da França, poucos quilômetros do mar. Então organizamos um dia para todos irmos em três carros que estavam disponíveis. O mediterrâneo é sempre belo, mas bem gelado para quem está acostumado com o litoral brasileiro. 

4. Outras culturas

Passamos um dia curtindo o sol e o mar. Nadamos, praticamos alguns jogos com bolas e tocamos violão. Algo cultural que me impressionou foi o topless, muito comum na Europa e bem polêmico no Brasil do fio-dental. Foi importante para refletir sobre nudez, cultura e respeito.

Depois de 7 intensos dias de trocas culturais, conversas e expressões artísticas, chegou o final da minha experiência na CatFarm. Eu confesso que não queria ir embora e haveria possibilidade de ficar mais, mas eu já tinha uma passagem aérea comprada para ir para a Itália. O que me fez ser mais racional e sair daquele cantinho de mundo encantado.



A experiência que continua depois do voluntariado...

No total fiquei 7 dias, mas fiz muito mais do que 7 amigos. As 3 amigas que fiz da Espanha, reencontrei quando viajava por lá, fiquei hospedado inclusive na casa de uma delas em Barcelona

No ano seguinte fui para o Chile, onde reencontrei outra amiga do período de CatFarm. E no Brasil, como também sou anfitrião da Worldpackers, recebi uma amiga brasileira para uma experiência em meu espaço. Até hoje uma das minhas melhores amigas. 




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