Como encontrei um propósito trabalhando na Worldpackers

Recentemente fui convidado a me unir ao time da Worldpackers e tem sido uma experiência incrível. Vou compartilhar um pouco de como tudo isso aconteceu e o meu ponto de vista de como é trabalhar aqui.

Lucas

Abr 16, 2020

9min

Relato de como é trabalhar na Worldpackers

Sabe aquela sensação lá no fundo de que você está exatamente onde deveria estar no momento? Pois é! Foram raríssimas as vezes que me senti assim, mas depois de algumas semanas trabalhando na Worldpackers, durante uma prática de yôga que fazemos todas as quartas feiras no final do dia na parte externa do escritório, comecei a sentir muita gratidão por encontrar um lugar tão especial para trabalhar como este.

Hoje trabalho como desenvolvedor de software por aqui, ajudando a desenvolver novas funcionalidades para plataforma. O que me trouxe até aqui com certeza tem a ver com o que vivi durante o intercâmbio que fiz na Austrália um pouco antes de me formar, há alguns anos atrás. 

Nessa ocasião, além de conhecer vários estados da Austrália, também tive a oportunidade de viajar para o Chile (que estava no caminho), Nova Zelândia, Indonésia, Tailândia e Myanmar. Durante esse intercâmbio vivenciei diversas transformações pessoais e desenvolvi muito dos valores que respiramos aqui na WP.

Por lá, consegui sair um pouco da minha bolha social e cultural e vivenciei experiências completamente diferentes das quais eu estava acostumado a vivenciar no Brasil. 

Convivia diariamente com pessoas de todas as nacionalidades, tive que desconstruir muita coisa da minha personalidade, que foram introjetadas pela nossa cultura e sociedade desde que nasci, para que eu pudesse realmente me conectar com todas essas pessoas. 


Lucas na Austrália

Me coloquei em diversas situações que me ajudaram a criar mais empatia, como por exemplo quando participei de algumas reuniões de um grupo de ativistas que lutavam pela causa dos moradores de rua da cidade de Melbourne. 

Naquela época já existia mais de uma casa vazia para cada morador de rua na cidade e nenhuma medida efetiva era feita em relação a isso. Cheguei a participar de reuniões com alguns moradores de rua e até passar uma noite em uma das ocupações pra entender melhor a situação como um todo. 

Também cheguei a trabalhar em muitos eventos e festivais de música como voluntário em troca de ingresso e camping. Um dos festivais que mais me recordo é o tradicional festival de música Folk chamado 'Woodford', que acontece todo final de ano próximo a cidade de Brisbane, na Austrália. Nesse festival rolam vários tipos de apresentações musicais e de dança de todos os cantos do mundo, diversos workshops, conversas, atividades culturais, yôga, meditação e várias outras atividades que ajudam a quebrar os paradigmas criados pela sociedade moderna. 

Tenho uma memória que guardo com muito carinho desse festival, que foi durante a virada de ano, onde passei algumas horas contemplando o primeiro nascer do sol do ano com alguns amigos, sentado no topo de uma montanha e olhando pro horizonte, vendo o sol nascer por trás de uma outra montanha que tinha um formato piramidal, enquanto alguns monges tibetanos tocavam um instrumento de sopro muito lindo, cantavam e mantravam pra todos que estavam ali.


Photograph: Peter Enright

Cheguei a ir em encontros no meio da natureza que reúnem viajantes de toda parte do mundo, os quais se reconhecem como parte da ‘Rainbow Family’. Os Rainbows são pessoas que buscam levar suas vidas de uma forma mais sustentável e equilibrada com a natureza, com mais respeito, mais conexão entre as pessoas, mais ‘olho no olho’, mais arte, música, cultura e alegria e menos preconceito. 

Esses encontros geralmente acontecem em lugares completamente isolados das grandes cidades e que, nesse caso, aconteceu em uma propriedade no interior da Tasmânia, na Austrália, onde tudo era feito de forma coletiva, desde a alimentação até as tarefas de organização e manutenção do espaço. 

Sempre com muitas atividades acontecendo no decorrer do dia todos os dias, como conversas sobre espiritualidade, sustentabilidade, oficinas de slack line, práticas de yôga, artes marciais, brincadeiras, muita música, arte e dança e praticamente sem infra estrutura nenhuma. 

A ideia desses encontros é justamente inspirar as pessoas para que elas possam trazer pro seu dia a dia muitas das coisas que aprenderam por lá. Foi a primeira vez em que fiquei tantos dias somente tomando banho de rio, me alimentando de comidas veganas e cruas, tomando Chai quentinho todas as noites ao lado da fogueira enquanto observava dezenas de estrelas cadentes no céu mais estrelado que já vi na vida e conversando sobre o Universo.


Encontro no interior da Austrália

Conheci formas alternativas de se viver dentro do sistema, como por exemplo o estilo de vida que um amigo que morou por um tempo levava. Ele era ativista e estava sempre ajudando o Greenpeace e outras organizações de ativismo, costumava se alimentar de produtos que seriam jogados fora pelas grandes redes de supermercados por estarem próximos do vencimento ou por não estarem mais com uma aparência muito boa. 

Foi nessa ocasião que conheci a prática conhecida como ‘Dumpster Diving’, que era uma prática muito comum entre os jovens que não queriam contribuir com as grandes redes de supermercado. 

Esse cara era uma das pessoas mais comprometidas com o ativismo político e ambiental que eu conheci. Me lembro certa vez que ele com mais alguns outros ativistas se acorrentaram em um trilho de trem em uma das principais ferrovias que servia para transportar carvão de um lado do estado para o outro. Eles chegaram a ficar quase mais de 24 horas nesse local e evitaram que alguns vagões de trem carregados passassem por lá naquele dia. Ele chegou a falar alguns números que essa empresa teve de prejuízo por causa desses atrasos e foi algo em torno dos 100 mil dólares.

Independentemente de concordar com tudo que vi e vivi ou não, todas essas experiências me ensinaram a importância de ser um cidadão consciente e ativo na sociedade, com senso de comunidade, pois entendi que está em nossas mãos a responsabilidade de mudar o futuro da nossa sociedade e cuidarmos uns dos outros. 

Não podemos simplesmente ignorar o que está acontecendo ao nosso redor e continuar alimentando a ilusão de que não temos o poder de mudar as coisas. Temos sim! E tudo começa com a forma que consumimos e agimos no dia a dia e as empresas que apoiamos e trabalhamos. Os produtos e serviços que consumimos diz muito a respeito de quem somos e a forma como descartamos nosso lixo também.


Amigos feitos durante experiências 

Além de todas essas vivências de intensa interação social, foi durante o intercâmbio também em que pude vivenciar muitos momentos de silêncio e reflexão durante minhas viagens. 

Aprendi a apreciar a minha própria companhia mais do que nunca e aumentei minha conexão com a natureza. Fiz muita trilha, acampei muito, peguei gosto por leitura e finalmente conseguir tirar do papel meus planos de praticar meditação e yôga.

Depois desse intercâmbio, eu sabia que não seria fácil encontrar meu lugar no mundo e principalmente no mercado de trabalho. Tornar-se consciente de todas essas coisas que acontecem ao nosso redor e saber que podemos contribuir com elas ou não, significa não mais ser capaz de fazer algo que vá contra nossos princípios e, nesse sentido, encontrar um lugar para trabalhar se torna muito mais importante do que simplesmente encontrar um emprego que irá garantir nosso sustento. Se torna um propósito de vida.

O maior desafio que enfrentei assim que cheguei no fim do curso de ciência da computação foi encontrar as motivações corretas para continuar trabalhando na área de tecnologia. 

Por alguns anos associei tecnologia com tudo de ruim que acontecia no mundo e por causa disso cheguei a pensar em desistir de tudo ir morar em uma ecovila. Foi através de um livro chamado ‘Abundance’, indicado por um dos melhores dançarinos de música eletrônica que conheci, que me fez mudar de opinião. 

Nesse livro é destacado como o avanço tecnológico democratizou o acesso a recursos, antes exclusivos somente de pessoas extremamente ricas e poderosas, e como esse avanço vai ainda ajudar a humanidade a chegar em um cenário de extrema abundância de recursos para todas as pessoas do planeta, atingindo assim a prosperidade de forma sustentável e responsável. 

A partir disso eu entendi que a tecnologia em si funciona somente como uma ferramenta e que pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Portanto, me comprometi que seria uma das pessoas que trabalharia com a tecnologia para o bem da humanidade e do planeta.

Dessa forma comecei a focar nas oportunidades de trabalhar em projetos que se alinhavam com os valores que acreditava. Eu sabia que trabalhar em algo que tivesse somente como objetivo estimular o consumo das pessoas a qualquer custo ou que não agregasse nada de positivo na vida delas seria algo extremamente frustrante e desmotivador.

Assim que comecei a buscar estágio, me conectei com um grande amigo que também tinha esse sonho de utilizar a tecnologia para melhorar a vida das pessoas e juntos começamos a trabalhar em um projeto que um dia irá auxiliar as pessoas a trabalhar de forma mais colaborativa e inclusiva, diminuindo a dependência de recursos financeiros para realizarem seus projetos. 

Fiquei quase um ano e meio trabalhando nesse projeto e aprendi muito, mas estava com planos de sair do Brasil e ir morar na Nova Zelândia. Foi ai que a Worldpackers apareceu na minha vida. 

Eu já vinha me planejando para sair do país a cerca de um ano pois tinha a intenção de começar minha carreira profissional fora do Brasil. Várias eram as motivações que me impulsionavam nessa direção, mas lá no fundo eu sempre escutei uma voz que dizia que eu deveria ficar por aqui e dar mais uma chance para as coisas fluírem.

Foi então que surpreendentemente através de uma plataforma focada em recrutamento de profissionais de tecnologia a WP me encontrou e foi amor à primeira vista. 

Me recordo que em uma das conversas que tivemos durante o processo seletivo, o João, que é um dos fundadores da empresa, chegou a comentar que eu era o tipo de pessoa que ele gostaria muito de convencer a trabalhar na WP. Mal sabia ele que depois de conhecer melhor a Worldpackers e entender a incrível missão que eles estão realizando, eu estava facinho facinho.

Vi na Worldpackers a oportunidade de trabalhar com pessoas que também vivenciaram na pele as transformações que vivi durante minhas viagens. Pessoas que, além de tudo, valorizam o propósito naquilo que estão trabalhando e entregando para a sociedade. Que valorizam o contato, que se importam uns com os outros, que estão abertos para escutar sem julgar e aprender o máximo juntos, que te olham no olho e te abraçam. 

Onde você como colaborador não é simplesmente mais um número. Você é parte da família Worldpackers e sua opinião conta muito. O que está sendo construído aqui do meu ponto de vista é algo revolucionário. Se existe um futuro melhor dentro desse sistema em que vivemos, com certeza absoluta a WP faz parte das empresas pioneiras que estão trilhando o caminho para esse futuro.

Uma das atividades que a Worldpackers oferece para quem trabalha aqui é o Offsite. Um dia em que todos saímos do escritório e vamos para algum lugar (surpresa) com bastante contato com a natureza, onde fazemos atividades de reflexão e união. Esse vídeo abaixo vai te mostrar um pouco como foi uma dessas experiências!

Todos os dias em que me levanto e me preparo para sair pra trabalhar sinto que estou indo encontrar grandes amigos para trabalhar num sonho de fazer com que muitas pessoas também possam passar por essas transformações que foram tão importantes para gente.

Há pouco mais de um mês por aqui trabalhando junto com a equipe de desenvolvimento, já começamos a desenvolver uma série de novas funcionalidades que a plataforma irá disponibilizar para seus worldpackers e tem muita coisa boa chegando por ai. 

Tem novidade para aqueles que já pensaram em aplicar para vagas juntos, tem muito curso incrível saindo do forno e tem também uma super novidade que irá mudar completamente a experiência de um traveler pela Worldpackers. 

Estamos trabalhando para que as pessoas possam ter a melhor experiência possível através de suas viagens e também possam se estruturar para fazer disso um estilo de vida definitivo e sustentável.

Para concluir, eu gostaria de encorajar todos a encontrar a sua Worldpackers. Estamos vivendo um momento muito importante na nossa sociedade. Não queremos mais trabalhar em algo que não faça sentido pra gente. Está na nossas mãos a construção de um mundo melhor e uma sociedade mais consciente justa e humana. 

Se valorize, se capacite, se torne um excelente profissional, mas não antes de se tornar um excelente ser humano, e trabalhe todo dia na construção de seus sonhos com muita perseverança e persistência.



“O planeta não precisa de mais pessoas de sucesso. O planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores, restauradores, contadores de histórias e amantes de todo tipo. Precisa de pessoas que vivam bem nos seus lugares. Precisa de pessoas com coragem moral dispostas a aderir à luta para tornar o mundo habitável e humano, e essas qualidades têm pouco a ver com o sucesso tal como a nossa cultura o tem definido.” Dalai Kama.



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