6 coisas que aprendi viajando pelo Brasil

Depois de viajar quatro meses de carro pelo nosso país, posso dizer que passei por uma mudança interna profunda e descobri que quando você se abre para o mundo, ele te retribui mostrando o caminho que você deve seguir.

Cadu

Mar 21, 2022

6min

Cadu no Espirito Santo, mochilando pelo Brasil

Depois de morar quase um ano e meio fora do Brasil e ter viajado por muitos países da Europa, comecei a me questionar de como eu, sendo brasileiro, havia conhecido tantos lugares e não conhecia minha própria casa.

Voltei para o Brasil com a sede de conhecer mais a minha própria cultura, enxergar esses vários universos que existem dentro de um único país e, mais do que isso, iniciar uma jornada para dentro de mim.

Durante esses quatro meses de viagem pelo Brasil eu pude aprender algumas coisas que me marcaram e me fizeram mudar a maneira como vejo o mundo e vou compartilhar com vocês algumas delas:

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1. Aprenda a apreciar sua própria companhia

Viajar sozinho é um dilema para muitos, para mim não era diferente.

Naturalmente, nós, seres-humanos, temos a necessidade de estarmos sempre em grupo, isso nos faz sentir confortáveis e seguros.

Viajar sozinho é uma das melhores formas de você se colocar fora da zona de conforto e ter a oportunidade de conhecer a si próprio, fora do seu círculo social.

Foi só quando fiquei totalmente sozinho que tive a oportunidade de me conhecer, saber quem realmente eu sou sem nenhuma influência externa. Aprendi a apreciar minha própria companhia, passar tardes lendo um livro, fui em eventos onde a única expectativa que eu tive que atingir foi a minha e não tive que me preocupar se meu amigo, irmão ou namorada queriam ir embora ou não estava gostando do lugar.

Ficar sozinho ensina você a se respeitar, ter seu próprio tempo e dar ouvidos a suas intuições. Nada mais importante do que saber se ouvir e acreditar em você mesmo. Quando você tem esse tempo para se se entender, descobre que todas as respostas estão e sempre estiveram dentro de você.

Estar sozinho, ao contrário do que eu pensava, é libertador!

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Caminhando pela praia de Antunes, divisa entre Alagoas e Pernambuco

2. Viajar sozinho não significa estar só

O medo de estar sozinho ao enfrentar situações difíceis, o desconforto de estar em algum lugar e não ter um rosto familiar com quem você possa trocar uma ideia, ou aquele amigo que te entende só com a troca de olhar, são barreiras que criamos para não nos lançarmos em uma viagem sozinho e continuarmos em nossa zona de conforto.

Todos esses receios foram por água abaixo quando me vi sozinho em Salvador, por exemplo, uma cidade que eu nunca havia visitado, onde no início da noite eu não conhecia nada nem ninguém e horas depois eu estava sentado em uma mesa de bar trocando experiências com pessoas que, assim como eu, estavam viajando sozinhos e terminamos a noite em um show no Pelourinho.

Assim como você, muitas pessoas estão se aventurando por esse Brasil e estão abertas a conhecer pessoas e viver experiências novas.

Quando você viaja sozinho e se abre pro mundo, você automaticamente atrai pessoas que estão na mesma vibração e você as identifica rapidamente assim que as encontra.

Aprender a estar só e apreciar sua própria companhia é muito importante, mas em uma viagem sozinho pelo Brasil, é impossível ficar só por muito tempo.

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Folga do voluntariado em Natal, visitando Baía Formosa com o Cadu e o Murilo(voluntário worldpacker que conhecemos em Maragogi).

3. O melhor do Brasil é o brasileiro

Apesar de todas as notícias ruins que vemos nos jornais, tv e rádio, nosso país não está tão perdido quanto parece, e o motivo disso somos nós, brasileiros.

Não vou ser ingênuo, sei que temos muita coisa a melhorar como sociedade e que nós ainda temos que trabalhar nosso espírito de coletividade.

Apesar disso, durante esse tempo viajando por nosso país, encontrei inúmeras pessoas que estavam dispostas a ajudar, abriram as portas de suas casas para me receber, sempre com muito entusiasmo e alegria.

Eu mesmo não esperava encontrar tanta receptividade ao longo dessa viagem, me surpreendi positivamente.

Todos esses encontros e trocas pelo caminho me fizeram ter uma outra visão do nosso povo e só reforçou a ideia de que nosso país é muito rico, não só em belezas naturais e cultura, mas também em calor humano, e isso, nós brasileiros temos de sobra.

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Compartilhando experiências com o povo local na Chapada Diamantina durante o voluntariado em uma agrofloresta.

4. Planeje sua viagem, mas esteja aberto a mudanças

Planejar sua viagem é essencial. Passagens, rotas, economias e destinos a serem visitados são planejamentos que devem ser feitos antes de você colocar o pé na estrada.

Sem planejamento sua viagem pode se tornar turbulenta e você pode se ver perdido pelo caminho.

Uma coisa que a gente aprende viajando é que não importa o quão bem você faça seu planejamento, as coisas sempre sairão diferentes do planejado, e você tem que entender que está tudo bem.

Estar aberto à mudanças é estar aberto à novas possibilidades, e é nesse momento que surgem as melhores histórias da sua viagem, quando você se entrega ao não planejado.

Quando estávamos na Chapada Diamantina, o plano era ficar 15 dias, mas vários imprevistos aconteceram, o carro deu problema, o computador quebrou e não sabíamos onde ficar depois que acabasse nosso voluntariado.

Tudo isso se resolveu quando nos abrimos para as mudanças.

Conseguimos consertar o carro, um anfitrião da Worldpackers viu que estávamos na região e nos convidou para voluntariar em sua pousada, além disso nos conectou com seu filho que morava em Salvador próximo a uma autorizada onde tínhamos que levar o computador para ser consertado.

Como disse, ao confiar e aceitar as mudanças do caminho, a estrada te conduz e te leva exatamente onde você deve ir.

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5. Aprenda um pouco mais sobre sua própria língua

O Brasil é um país de escala continental e uma questão que sempre me surpreendeu, principalmente quando fui morar na Europa, onde os países são tão pequenos comparados ao nosso, é a variedade de línguas faladas por lá e a sorte de nós brasileiros, apesar de uma cultura riquíssima e diversidades étnicas, falarmos a mesma língua.

Quanto mais tempo passava falando uma língua que não era a minha, mais eu me apaixonava pelo português e mais queria saber a origem das palavras que eu sempre usei no meu cotidiano, mas que não sabia necessariamente a origem.

Viajando pelo Brasil eu puder aprender que, apesar de todos falarem o português, cada região e Estado têm seus próprios dialetos regionais e que muitas vezes nos confundem a cabeça, já que a mesma palavra em uma região pode ter significado totalmente diferente em outra região.

A riqueza de palavras, sotaques e gírias de cada região compõem essa cultura tão colorida do nosso país e a sensação de viajar e poder aprender um pouco mais dos dialetos únicos de cada região é algo que não se aprende nos livros, apenas vivendo.

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6. Tenha referências de realidades diferentes da sua.

Eu não sei qual é a sua realidade, seu privilégios ou suas dificuldades, e muitas vezes nem nós mesmos sabemos disso e a resposta é simples: não temos referência.

Vivemos em bolhas sociais, frequentamos sempre os mesmos lugares, com as mesmas pessoas, muitas vezes não temos coragem nem de pedir uma comida diferente, mesmo que seja no mesmo restaurante.

Com esses atos, nós vamos nos fechando em nossa bolha e acabamos esquecendo que existem outras realidades e que elas podem ser muito diferente da nossa apesar de estarem bem próxima.

Viajar pela Europa só me confirmou o que eu já imaginava, que o Brasil ainda precisa correr muito atrás para poder alcançar o nível econômico, educação e social dos países desenvolvidos, o que eu não esperava é que dentro do nosso próprio país eu iria ver tanta desigualdade.

Eu, nascido e criado no Rio de Janeiro, não tinha a noção das realidades das outras regiões do nosso país e fiquei surpreso quando eu vi o quão diferente pode ser o “quintal da nossa casa”.

Essas experiências vividas na viagem me fizeram ter referências e foi nesse exato momento que eu pude me desconstruir e reconstruir novamente, porque é apenas tendo uma referência que você consegue iniciar a mudança, sabendo onde você está e onde quer chegar.

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