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Feminismo: é necessário para viajar sozinha?

Neste dia das mulheres, vim lembrar da importância dos nossos direitos. O feminismo sempre foi sinônimo de liberdade para as mulheres que desejam viajar sozinhas.

4min

feminismo viajar sozinha

Hoje, no dia em que lembramos a luta pelos direitos das mulheres, muitos assuntos vêm à tona: igualdade salarial, direitos reprodutivos, fim da violência contra a mulher… e nenhum deles parece ter a ver com viagens.

Quando digo que tenho um blog de viagem feminista tem gente que comenta que um tema não tem a ver com o outro e que não precisamos de feminismo para viajar. Eu acho que tem tudo a ver.

Viajar sozinha, ou simplesmente viajar, é mais complicado para uma mulher do que para um homem. Ninguém pergunta para um cara o que ele faz viajando sozinho ou onde estão sua esposa ou namorada.

Enquanto o maior receio de um homem durante uma viagem é ter o passaporte ou dinheiro roubado, convivemos com o medo frequente de sermos assediadas e encoxadas, entre outras situações que certamente não fazem parte do repertório de um viajante masculino.

O feminismo entra para que possamos ter a mesma liberdade que os homens quando viajamos.



Já pensou ter que pedir permissão para viajar?

É inegável que evoluímos muito em relação à liberdade e direito das mulheres nas últimas décadas. Até bem pouco tempo as decisões sobre as vidas das pessoas do sexo feminino eram tomadas pelo pai e depois de casadas, pelo marido.

Não tínhamos direito pleno de ir e vir, direito à propriedade, ao divórcio, ao voto e muitas outras coisas. Até 1962, as mulheres casadas precisavam de autorização do marido para trabalhar e apenas na década de 80 conseguimos ocupar metade das vagas nas universidades.

Até os anos 60, precisávamos de autorização do marido para viajar e mesmo depois da revogação dessa lei, o costume continuou porque poucas mulheres das gerações anteriores se sentiam à vontade para passear sem a companhia do marido ou da família.

Comparadas às nossas mães e avós a nossa geração ganhou o mundo. Somos livres, mas infelizmente essa liberdade é parcial, pois levamos o medo na mochila e a sociedade ainda nos olha com estranhamento.

Quantos perrengues você já passou por ser mulher?

Todas as minhas amigas e conhecidas que viajam sozinhas com uma certa frequência - e eu também - já passaram por um perrengue em maior ou menor grau relacionado com o fato de ser mulher.

  • Teve uma amiga que foi perseguida uma manhã inteira pelas ruas de Marrakesh por um cara que queria “conversar” com ela
  • Outra foi recebida pelo anfitrião de uma rede social de hospitalidade e o cara estava com o membro visivelmente ereto dentro do short 
  • Uma terceira se deu conta que um rapaz do hostel tinha trancado a porta quando percebeu que o resto do pessoal tinha saído e eles estavam sozinhos no quarto

Dos perrengues de menor grau, o mais comum é o questionamento insistente de onde está o seu marido ou namorado, geralmente sucedido de comentários infelizes como “você é muito bonita para estar sozinha” se você for solteira, ou “ele deixa você ir pra outro país sem problema?” se você estiver em um relacionamento com um homem.

Quando estava fazendo uma matéria, voluntariando no interior do México, um rapaz sentenciou, do alto dos seus 19 anos ao saber que eu era solteira “é melhor correr, porque homem nenhum quer mulher depois dos trinta”.

Eu poderia listar algumas dezenas de exemplos com os mesmos questionamentos e discursos invasivos.

Em todos os casos, as ações e as palavras das pessoas, muitas vezes sem perceber, nos passam a mensagem que se nós estamos na rua - em um hostel, um voluntariado ou um serviço de hospitalidade - estamos disponíveis para os homens, que não deveríamos estar aproveitando a vida sem a companhia do marido/namorado, ou pelo menos sem a autorização dele.



Do fiu-fiu à pergunta sem noção: qual o resultado disso nas mulheres?

Aprendemos desde crianças que aventuras e coisas emocionantes são para meninos. Enquanto eles ganham naves espaciais e roupas de super-heróis, nós ganhamos panelas e bonecas. Fomos ensinadas a ficar em casa, a sermos frágeis, comportadas e não fazermos nada muito interessante.

Além disso, todo esse questionamento e esse discurso que as pessoas aprendem quando crianças e reproduzem quando adultos, nos fazem acreditar em coisas absurdas, como por exemplo, não sermos capazes e competentes o suficiente para:

É claro que tudo isso é uma inverdade e nós estamos aqui para provar.

Coloque o feminismo na mochila pra já!

Precisamos do feminismo para que não deixemos de estar em lugares que queremos - e devemos - estar. É claro que já evoluímos muito, e hoje fazemos coisas que eram impensáveis no tempo das nossas avós, mas ainda não alcançamos a igualdade entre os sexos.

  1. Precisamos do feminismo para que nenhum homem ache que nosso corpo é um ponto turístico.
  2. Precisamos do feminismo para que nossas filhas possam viajar sem medo e para que nossas netas vejam nossas preocupações de hoje como uma realidade tão distante quanto  a de pedir a assinatura de um homem para viajar.
  3. Precisamos do feminismo para viajar sozinhas, com amigas ou namoradas.

Nesse 8 de março, coloque o feminismo na mochila e não deixe ninguém o tirar de lá.



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