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A marcante experiência de fazer um voluntariado na Índia

Depois de algumas experiências com a Worldpackers, fui voluntária em um hostel na Índia e essa experiência mudou minha forma de ver o mundo. Vou te explicar por quê.

Vanessa

Feb 08, 2021

7min

Experiência voluntariado na Índia

Mesmo sendo apaixonada pelo meu trabalho, nos últimos anos já estava desmotivada por não ter nenhuma oportunidade de crescimento na empresa. Isso culminou na minha saída e, apesar de ter ficado muito triste e sem chão, enxerguei essa saída repentina como uma oportunidade para realizar meu sonho: fazer uma viagem de volta ao mundo.

Comecei meu mochilão sozinha pela África do Sul apenas um mês e meio após sair do meu trabalho. Voltei para o Brasil e segui para a Europa. Na Europa conheci 20 países, incluindo todos da região dos Balcãs. Depois da Europa, segui para a Turquia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Índia, Tailândia, Laos e, atualmente, estou no Vietnã. Somadas minhas viagens anteriores, agora já tenho 35 carimbinhos no passaporte.

Na África do Sul, Europa, Turquia e Egito fiz couchsurfing porque queria ter contato com os locais e aprender sobre a cultura e os costumes, além, claro, de reduzir os custos.

Meu primeiro voluntariado pela Worldpacker foi no Prague Post Hostel. Lá nossa função era trocar as camas e socializar com os hóspedes. Minha segunda experiência foi na Croácia, onde aprendi muito sobre o sistema de booking e acabei virando gerente e, sendo responsável interina do hostel por uma semana.

Minha terceira experiência foi na Índia e foi nesse país incrível que mais aprendi sobre o ser humano. Por esse motivo, escolhi essa experiência para fazer meu relato.

O Abu Safari Hostel


Amigos que fiz durante meu voluntariado

O primeiro contato com o Abu, proprietário do hostel, se deu através de um convite dele. Quando li sobre o lugar e sobre o que era oferecido já queria aceitar. Primeiro porque a Índia já estava no meu roteiro e, segundo, porque eu queria muito conhecer o deserto.

O hostel era novo na plataforma e não tinha nenhuma avaliação de voluntário. Fiquei insegura porque, apesar de estar muito ansiosa, ainda estava cheia de preconceitos e medos em relação ao país. O hostel também é localizado no meio do deserto, na região próxima a fronteira da Índia com o Paquistão, o que alimentou ainda mais meu receio. Passados uns dias, fui pesquisar sobre o lugar novamente e pra minha surpresa ele era bem famoso no facebook, sendo um dos lugares mais procurados na cidade. Quando li sobre o safari de camelos, me convenci de vez. Respondi ao Abu que aceitaria a proposta, mas que não poderia confirmar ainda a data porque, de fato, eu não tinha a menor ideia de quando chegaria lá.

Passados três mese, cheguei na Nova Deli. Meus primeiros dias lá foram de muito estresse porque logo nas primeiras horas fui mordida por um cachorro. Depois de conhecer algumas clínicas médicas e de tomar vacinas na rua, fui conhecendo as pessoas e me apaixonando pela cultura local.

A mordida ocorreu no “Happy Diwali”, que é a principal data do calendário Hindu. O dog mal humorado pertencia a um amigo indiano. Nos conhecemos no hostel que eu estava me voluntariando na Croácia. Apesar do incidente ter deixado eu e a família bem preocupados, após os primeiros socorros fomos para o templo e caminhamos nas ruas acendendo velas e compartilhando comida com os locais. Foi a melhor imersão na cultura que eu poderia ter. Deixei a família após alguns dias com o coração partido.

Foi muito difícil me acostumar com a comida, ou melhor, com os lugares para comer. A comida em si era muito boa. Com o passar do tempo passei a não dar tanta importância e hoje a comida indiana é a minha predileta. Também não sofri nenhuma intoxicação alimentar, mas talvez porque nos primeiros dez dias eu estava tomando antibióticos por conta do incidente com o cachorro.

Definida uma data para ir para o deserto, contatei o Abu e confirmei minha ida. Nesse momento notei na plataforma que uma portuguesa estava se voluntariando lá e que nossas datas iriam coincidir. Fiquei muito feliz e um pouco aliviada.

Cheguei ao amanhecer após passar 15 horas num ônibus lotado. Muitos indianos estavam dormindo no chão do ônibus. Eu viajei num banco sem cinto de segurança. Cansada e quebrada devido às condições do transporte, fui recepcionada por um dos sócios do Abu, que vai diariamente no local de chegada do ônibus (na rua, não existe rodoviária) recepcionar e atrair os turistas para o hostel. Segui com mais turistas no tuk tuk com malas caindo pra fora. O hostel era bem bonito e com um visual incrível do Forte da cidade. Me apaixonei pela arquitetura local logo de cara.


Vista do Forte de dia

Chegando no hostel, o próprio Abu foi nos recepcionar com um abraço caloroso. Como passei a noite viajando, ele já me mostrou o quarto para descansar. Algumas longas horas se passaram e acordei com muito calor. Estava no deserto!

Conheci a menina portuguesa - Catarina - e nos conectamos instantaneamente. Ela me explicou toda a atividade a ser exercida por nós e era bem tranquilo. Basicamente precisávamos preencher no site do governo as informações para o controle de turistas, responder as avaliações dos hóspedes e também os e-mails com as informações referentes às facilidades do lugar.

Passados dois dias de trabalho, sugeri fazermos uma planilha no excel para organizar melhor a visualização dos hóspedes futuros e, para isso, segui o sistema que tinha aprendido e gerenciado na Croácia. A nova planilha foi super bem recebida e elogiada. Fiquei muito feliz pela minha contribuição tão simples.

O hostel disponha de um restaurante próprio, então todas as refeições estavam inclusas no programa de voluntariado. Pela manhã a gente comia chapati com café ou chá, no almoço e na janta era arroz com vegetais ou chapati com o molho do dia. Apesar do cardápio não variar, a comida era muito boa.

Aos poucos os outros funcionários do hostel e do restaurante foram aparecendo e, aquele padrão notado anteriormente em outros hostels ou estabelecimentos da Índia estava se repetindo - apenas homens. Os homens indianos são um pouco atrasados no que diz respeito às mulheres. Para eles, elas devem ficar em casa cuidando das crianças.

Eles também são muito calorosos e toda hora querem ficar nos abraçando. Apesar de ser brasileira e também gostar de abraçar as pessoas, nos primeiros dias não me sentia nem um pouco à vontade com a situação. Conversando com a Catarina, ela me explicou que eles eram assim mesmo mas que nunca foram desrespeitosos ou algo do tipo. De fato, ao conhecê-los melhor, percebi que eram muito amáveis.

Os dias foram passando e fizemos o famoso safári de camelos no deserto e, apesar de não ser adepta a esse tipo de exploração com animais, percebi que eles são super bem tratados e acabei fazendo o passeio oferecido pelo Abu. O safári é a principal atividade turística da região e para nós voluntários é na faixa. :)

Nesse tour, seguimos mais quilômetros a frente em direção ao Paquistão. Montamos acampamento entre as dunas e nossos guias cozinharam ali mesmo pra gente. Comemos arroz e vegetais cozidos. Estava uma delícia. Vimos o pôr do sol e eu adormeci sob a luz das estrelas e da lua cheia. A noite fez muito frio. Acordei com o sol querendo aparecer e aquela cena do sol nascendo das areias do deserto vai ficar pra sempre na minha memória. Seguimos caminho com os camelos e chegamos em uma vila abandonada. A história desse vilarejo fantasma é incrível.


Experiência de safári com camelo 

Os dias foram se passando e a rotina de trabalho foi bem tranquila, sem muitos desafios. Catarina e eu alternamos no tempo livre e, sempre que eu podia, caminhava dentro do Forte, pelas ruazinhas conversando com os locais.

O hostel é muito próximo da entrada principal do Forte e lá dentro existem vários restaurantes e cafés, todos muito estilosos e coloridos. Em um desse cafés é possível ter uma vista magnífica do pôr do sol. As lojinhas de roupas são muito atrativas. As roupas nessa região do país são lindas e muito baratas, mas com a minha mochila já estava no limite máximo, não pude me dar o luxo de comprar muita coisa, mas é claro que comprei. Quem iria resistir a uma calça linda por 7 reais?

O convívio com o Abu e os demais sócios e funcionários do hostel foi muito interessante porque percebi que os homens indianos da região de Rajastão (deserto) são muito vaidosos e sempre vestem um tipo de bata e calça da mesma cor. Eles se preocupam com a aparência da barba e o Abu sempre me perguntava se estava bem penteada e se eu tinha gostado da cor da roupa quando ele comprava uma nova. Isso aconteceu umas três vezes. Eles também gostam muito de jogos de tabuleiros e toda a noite nos divertimos na rooftop do hostel.

Estar na Índia foi uma das melhores experiências da minha vida. Essa experiência da Worldpackers me ensinou a enfrentar o novo, o desconhecido. Aprendi muito a respeitar os costumes e aceitar a forma como eles resolvem os problemas no dia a dia.

Sinto que minha missão agora é desmistificar o preconceito e o medo que as pessoas sentem de lá. Quero mostrar a elas que viajar na Índia não é um bicho de sete cabeças e que os indianos são muito receptíveis e amáveis.

Além de me proporcionar uma experiência incrível, a Índia é de fato um país muito barato, o mais barato que já estive até hoje. Por um mês e meio de viagem gastei apenas 2.100 reais, incluindo um voo interno.

Para controlar meu gastos uso o aplicativo Wander Wallet. Meu principal meio de transporte foi o ônibus porque os trens precisavam ser comprados com muita antecedência. Cada percurso custa em média 50 reais. Para reservar, eu utilizei o RedBus e também o app PayTm para checar mais opções de ônibus ou trens eventualmente. Para o trem especificamente eu baixei o Irctc app. Utilizei muito o serviço do Uber, porque muitas vezes saía mais barato que o tuk tuk. 




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