Como preparar seu negócio para lidar com a crise?

Paulo Mello, dono de dois hostels e um eco-sítio no Nordeste brasileiro e Top Anfitrião na Worldpackers, está se preparando para esse futuro que, ainda que incerto, está cheio de oportunidades.

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O cenário pós-pandemia é uma grande incerteza para todos: do mundo dos negócios ao comportamento da sociedade, estamos certos de que tudo o que conhecemos está prestes a mudar.

Com isso, empresas de todos os setores começam a buscar alternativas para lidar com esse futuro - em especial as empresas do ramo de turismo.

Paulo Mello, dono de dois hostels e um eco-sítio no Nordeste brasileiro - Piratas da Praia, Zili Pernambuco e Canto Alegre Pernambuco - e Top Anfitrião na Worldpackers, está se preparando para esse futuro que, ainda que incerto, está cheio de oportunidades.

“Estamos percebendo que o século XXI chegou de vez e, com isso, as pessoas vão começar a fazer negócios de maneira diferente. Os viajantes a negócios, por exemplo, aprenderam que podiam trabalhar usando meios virtuais e, ainda assim, viajavam para olhar seus clientes nos olhos. Vejo que, nesse novo momento, as empresas estarão com pouco dinheiro e não poderão fazer muitos investimentos, levando a mais ações online. Os jovens viajando a negócios, por exemplo, passarão a ter todas essas interações com clientes no formato de vídeo-conferências. Isso significa que só as pessoas que realmente precisam continuarão a viajar a negócios, como montadores de maquinário, instaladores de companhias de telefonia e de internet.”

Por outro lado, Paulo vê o futuro do turismo - em especial do nomadismo digital - com otimismo:

“Várias pessoas estão integrando o movimento do nomadismo digital, rentabilizando seus negócios online. Em momentos de crise econômica, é natural que percebam que ter uma casa própria e todos os custos relacionados representa um grande investimento. Por isso, vejo que voltarão a morar temporariamente com seus familiares e amigos e, por terem criado um senso de privacidade enquanto moravam sozinhos, irão recorrer à estrada: viajando pelo Brasil ou pelo mundo afora, poderão seguir com seus negócios digitalmente e, ao mesmo tempo, aproveitarão para conhecer novos lugares e culturas.”

Outro cenário é o do medo de viajar novamente: a curto prazo, Paulo acredita que, além de muitas pessoas terem esse medo e optarem por adiar suas viagens, muitos dos que seguirão viajando terão preferência por quartos privativos, por exemplo.

Também vê uma mudança em relação à sazonalidade: pessoas que viajariam de férias ou que tiveram que antecipar suas férias durante esse período não poderão mais viajar, somando aos estudantes que tiveram suas férias antecipadas. Isso altera a dinâmica do mês de julho, tradicionalmente temporada alta para o turismo no Nordeste.

“Vejo que o nosso ano vai engatar no Réveillon: as pessoas voltarão a viajar, mas de forma mais tímida e com o bolso mais curto, visto que boa parte estará endividada - seja pelo desemprego causado, seja por gastos altos nesse período. Por isso, janeiro será um mês mais lento e, se os preços praticados forem mais próximos aos preços de custo, poderá caminhar melhor.”

Considerando um futuro ainda mais distante, o anfitrião acredita em um Carnaval de 2021 mais tímido, com um grupo de pessoas mais conservadoras por conta das multidões das ruas, preferindo festas mais locais e menores.

Com esses horizontes, Paulo vê que o setor de turismo voltará a ter um sabor mais próximo ao que conhecemos por volta de julho de 2021, com o retorno das férias escolares e com uma memórias dos efeitos do Coronavírus mais distante, mas ainda com modos de viajar mais tímidos e conservadores.

Como prevê uma instabilidade de 15 a 20 meses, por uma questão de sobrevivência dos seus projetos, Paulo está buscando novas formas de fazer negócio dentro da própria empresa:

“Cortamos todos os custos possíveis até agora, como a redução da área do hostel - de 850m², passamos a utilizar apenas 200m². Também estamos estudando a viabilidade de transformar a marca “Piratas da Praia”, que já está há 13 anos no mercado e construiu uma boa reputação, em diferentes formatos.”

O anfitrião também está trabalhando em novas ideias como a abertura de um bar em uma das propriedades, de um espaço de coworking para acompanhar a demanda de novos nômades digitais, e de um projeto na área de alimentação utilizando aplicativos de entrega.

“O importante agora é sobreviver. Estamos bastante receptivos a ideias porque amamos o que fazemos e queremos nos adaptar ao novo cenário para continuar fazendo tudo muito bem feito. O público mudou, a recessão financeira durará por mais tempo do que o isolamento social, e o desafio será enorme”.

Nesse momento, mais do que nunca, precisamos fortalecer nossa comunidade. O setor de turismo tem sido o mais afetado e, com isso, precisamos ser criativos e solidários para conseguirmos manter nossos projetos. Juntos somos mais fortes. 

Vamos trocar nossas ideias nos comentários? :)

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