Guia de viagem para o Vale do Catimbau, Pernambuco: onde fica, o que fazer, onde se hospedar e outras dicas.
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A grande maioria dos turistas que planeja uma viagem por Pernambuco costuma ficar entre a capital e as praias. Mas você sabia que o interior do estado também oferece atrativos riquíssimos? Um deles é o Vale do Catimbau, ou Parque Nacional do Catimbau.
Pouco conhecido no resto do país, o Vale do Catimbau é um destino surpreendente. Ele foi um dos cenários da novela Mar do Sertão, da Globo, e é considerado um dos maiores parques arqueológicos do Brasil.
As paisagens são realmente incríveis; parecem de outro planeta! Se você curte trilhas, história, arte rupestre e cultura sertaneja, confira este guia e prepare sua viagem.
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O Parque Nacional do Catimbau é uma área de 62 mil hectares entre o Agreste e o Sertão de Pernambuco, abrangendo os municípios de Buíque, Ibimirim e Tupanatinga. A principal cidade base para explorar o parque é Buíque, a 290 km do Recife.
As principais atrações do parque, conhecido como Vale do Catimbau, são as paisagens, com formações geomorfológicas belíssimas e vários elementos da caatinga, e as pinturas rupestres estimadas em até 6 mil anos de idade.
Estudos apontam que a área começou a ser formada há 150 milhões de anos, e existem lá hoje mais de 100 sítios arqueológicos. É uma loucura pensar que esse cenário árido já foi mar!
São chapadões, cânions e pequenas cavernas, decorados por plantas como cactos e bromélias e povoados por animais como lagartos, gaviões e seriemas. Para conhecer tudo isso, existem 13 trilhas oficiais, que devem ser feitas com guias da associação de condutores da Vila do Catimbau (Aconturc).
A maior parte das trilhas é de dificuldade baixa a média, sendo esse um destino acessível para quem não tem muita experiência em trilhas. Só vale atentar para o fato de que quase todos os percursos são descobertos, então é bom se proteger bem do sol e beber muita água, especialmente nos meses mais quentes.
Confira a seguir informações práticas para planejar sua viagem, e depois nossas dicas do que fazer no Vale do Catimbau.
Você pode chegar no Vale do Catimbau de carro próprio ou alugado, seguindo pela BR 232. Também existem empresas que fazem excursões para lá, ou você pode pegar um ônibus para Buíque na rodoviária do Recife.
Chegando em Buíque, é possível pegar uma lotação até a Vila do Catimbau. Mas é bom saber que se não estiver de carro, para chegar até as trilhas do parque você vai ter que pegar carona ou contratar um guia com carro.
O clima no Vale do Catimbau é semiárido, ou seja, predominantemente seco, com dias quentes e baixa variação de temperatura durante o ano. O período com maior incidência de chuvas é entre abril e julho, e a época mais seca é de setembro a janeiro.
Se possível, o ideal é ir ao Vale do Catimbau entre junho e outubro, quando o calor é menos intenso e o clima não é tão seco.
Caso vá no verão, entre novembro e março, é recomendável fazer as trilhas de manhã bem cedo e mais para o fim da tarde e ficar descansando no meio do dia, quando o sol está mais forte. Fiz isso na minha última ida ao Vale e foi ótimo!
Em Buíque e na Vila do Catimbau existem algumas opções de pousadas e campings. A maioria das hospedagens é simples, mas oferece o básico para curtir o destino. A Pousada Santos, a Pousada Vale do Catimbau e a Pousada Serra Dourada estão entre as mais conhecidas.
Se você busca uma experiência diferente e econômica no Vale do Catimbau, uma dica é fazer um voluntariado pela Worldpackers.
Essa plataforma conecta viajantes a anfitriões em várias partes do Brasil e do mundo para trocas colaborativas: você dedica algumas horas semanais a tarefas que seu anfitrião necessite e ganha hospedagem gratuita, além de outros benefícios como refeições ou passeios.
Sem falar na oportunidade de vivenciar uma imersão cultural muito mais profunda do que um turista que está só de passagem. Você vai viver a rotina do lugar, conhecer pessoas nativas e explorar tudo com calma. Viajei assim algumas vezes e foram experiências muito legais.
Para mais informações, leia: Como funciona a Worldpackers
No Vale do Catimbau existem vagas de voluntariado muito legais, avaliadas com nota máxima pelos viajantes que já passaram por lá. Olha só as oportunidades disponíveis atualmente:
Confira todos os voluntariados em Buíque, onde fica o Vale do Catimbau.
Como falei acima, todas as trilhas no Vale do Catimbau devem ser feitas com um guia cadastrado na associação de condutores. Aproveite para fazer muitas perguntas: os guias contam várias curiosidades sobre os lugares visitados e a cultura local.
Visitar o Vale de carro é o ideal, para ter mais facilidade de locomoção e flexibilidade para fazer os passeios. Mas se você não puder, existem guias com carros que, por um valor extra, levam os turistas até o ponto de partida das trilhas.
Na hora de arrumar a mochila ou a mala, capriche nas roupas leves e confortáveis, protetor solar, chapéu, óculos escuros, tênis confortáveis lanches e muita água. É bom levar um casaco para a noite, porque a temperatura costuma cair, especialmente no inverno.
Confira a seguir as principais trilhas e outros atrativos do Vale do Catimbau:
Uma das mais procuradas entre as trilhas do Catimbau é a do Santuário, que começa a cerca de 5km da vila e tem uma extensão de 7km (ida e volta) por terreno plano.
Além de passar por lindos mirantes naturais, a trilha leva até o chamado Vale da Lua, uma arena rochosa formada na época em que o mar cobria a região, há centenas de milhões de anos.
Esse anfiteatro natural era usado para rituais indígenas, sendo considerado um lugar sagrado. É um lugar lindo e muita gente diz sentir uma energia especial lá.
Da última vez em que fui ao Catimbau, com um grupo, chegamos lá bem cedinho e fizemos uma prática de ioga nesse espaço. Foi uma delícia!
Mais curta, mas também mais íngreme, a Trilha das Torres fica a 1km da vila e tem cerca de 2,5 km de extensão (ida e volta). É um percurso circular com dificuldade considerada média, que dá direito a uma vista 360º do Vale do Catimbau.
Você vai ver rochas em forma de torres, que dão nome à trilha, e formações geológicas que lembram cascos de tartarugas, além da famosa Pedra do Cachorro.
O ponto alto do passeio é o chamado Lapiás, paredão colorido esculpido pela chuva e o vento. O visual é incrível.
Outra trilha curta, mas com dificuldade baixa, é a do Chapadão, que tem 2,5 km (ida e volta). A maioria dos viajantes faz essa trilha no fim da tarde, para aproveitar o pôr do sol na sua parada final, um mirante natural a 300 metros de altura.
De lá, dá para ver cânions e o Brejo de São José, um lindo vale em forma de ferradura. Quando fui, tinha um rapaz tocando violino no pôr do sol.
Com 4 km (ida e volta), essas trilhas dão acesso a dois dos sítios arqueológicos que podem ser visitados no Vale do Catimbau.
A Casa de Farinha tem esse nome porque fica num antigo abrigo sob as rochas que era usado pelos moradores para produzir farinha. E perto dela fica a Loca da Cinza, com pinturas rupestres datadas de 4 a 6 mil anos.
Essa trilha é bem curtinha, com menos de 700 metros (ida e volta) e dificuldade baixa. A caminhada rápida leva até uma estrutura rochosa com um buraco no meio que dizem parecer a porta de uma igreja.
Além das trilhas, outra atração do Vale do Catimbau é um pequeno museu em Buíque. O lugar abriga o esqueleto de uma mulher que teria vivido por lá há mais de 6 mil anos. Foi a partir do achado dessa ossada que começou o processo de demarcação e proteção do Parque Nacional do Catimbau.
Outro destaque do acervo é a ossada de uma preguiça gigante que viveu há cerca de 8 ou 10 mil anos. De acordo com o site do museu, também estão expostos lá móveis, objetos e imagens de cidadãos ilustres da cidade.
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Gostou das dicas? Espero que você curta muito sua viagem para o Vale do Catimbau e se anime para explorar também outros destinos no interior de Pernambuco e em outras partes menos conhecidas do Nordeste.
Aproveite para fazer um voluntariado Worldpackers por lá e se encantar ainda mais! Crie seu perfil na plataforma gratuitamente e comece a salvar suas vagas preferidas.